Eleições Municipais 2024: Conheça os Candidatos à Prefeitura do Rio

Candidatos à prefeitura do Rio. Eleições - 2024
Candidatos à prefeitura do Rio. Eleições – 2024

Esta matéria faz parte de uma série sobre as eleições de 2024, com enfoque nas perspectivas das favelas do Grande Rio.

Em 2024, sete homens e duas mulheres estão concorrendo à prefeitura do Rio de Janeiro. Só um se autodeclarou preto, representando uma redução da representatividade com relação à última eleição, em 2020, tanto quanto à participação feminina quanto negra. Em 2020, 42,9% dos candidatos eram mulheres e 28,6% eram pessoas negras, ao passo que, em 2024, 22% são mulheres e 11% negros. Todas as mulheres candidatas à prefeitura do Rio em 2024 são brancas. Isso enquanto, segundo o Censo Demográfico do IBGE de 2022, há no Rio de Janeiro 53,6% de mulheres e 54% de negros, o Rio de Janeiro sendo o segundo estado mais negro do país, e em um país onde mulheres negras são o maior grupo populacional. O município do Rio tem uma população de 6.211.423. Entre eles, 5.009.373 são eleitores registrados. Além de prefeito, os eleitores também vão escolher neste pleito parlamentares para a Câmara dos Vereadores. O primeiro turno ocorrerá em 6 de outubro e o segundo turno, se houver, acontecerá em 27 de outubro.

Conheça a mini bio e um breve resumo das propostas políticas de cada candidato ao cargo de chefe do executivo municipal, organizados em ordem de intenção de voto segundo recente pesquisa do DataFolha:

Eduardo Paes (PSD)

Eduardo Paes. Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Eduardo Paes. Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Número de Legenda: 55 – Campanha “O trabalho segue. O Rio avança

Eduardo Paes, 54 anos, é o atual prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição para o seu quarto mandato. Nascido e criado na Zona Sul, formou-se em Direito pela PUC-Rio. Aos 23 anos, foi nomeado subprefeito da Zona Oeste I (abrangendo Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá) durante o primeiro mandato do Prefeito César Maia. Em 2024, sua campanha foca em projetos de infraestrutura e transporte. Ele promete expandir o programa BRT Seguro, com reforço no patrulhamento das estações, e revitalizar e ampliar a frota do sistema de BRT. Também se compromete a melhorar o acesso à saúde e elevar a qualidade da educação pública, com a criação de novos centros integrados de ensino.

No que se refere às favelas e comunidades, Paes destaca três iniciativas para o quarto mandato: ampliar a cobertura dos programas Morar Carioca e Bairro Maravilha em toda a cidade; realizar melhorias habitacionais em 20.000 moradias de famílias em situação de vulnerabilidade social, identificadas pelo programa Casa Carioca; e lançar o programa HUB Favela Empreendedora, que visa apoiar e impulsionar empreendedores das favelas e comunidades do Rio. Eduardo Paes é lembrado por muitos moradores, ativistas e pesquisadores de favelas como o “prefeito das remoções“, em referência às 80.000 remoções realizadas durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Os partidos que apoiam Paes, além do Partido Social Democrático (PSD), são: Agir, Avante, Democracia Cristã, PCdoB, PDT, Podemos, PRD, PSB, PT, PV e Solidariedade.

Alexandre Ramagem (PL)

Alexandre Ramagem. Foto: Divulgação Marcos Oliveira/Agência Senado
Alexandre Ramagem. Foto: Divulgação Marcos Oliveira/Agência Senado

Número de Legenda: 22 — Campanha “Coragem para mudar” — Não foi encontrada página de campanha do candidato.

Alexandre Ramagem Rodrigues (PL) tem 52 anos, é graduado em Direito pela PUC-RIO, ex-delegado da Polícia Federal (PF), função que desempenhou até 2019. Em 2018, Ramagem foi designado para chefiar a segurança pessoal de Jair Bolsonaro. Ele foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) durante o governo Bolsonaro e, atualmente, é deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ramagem mora em um condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A residência do candidato do PL foi alvo de mandados de busca e apreensão emitidos pelo Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em janeiro deste ano, como parte de uma investigação sobre a arapongagem ilegal de opositores e autoridades durante o período em que o atual candidato atuava como diretor da ABIN.

Alexandre Ramagem, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, propõe uma gestão focada em segurança pública, com políticas de tolerância zero ao crime. Entre suas ideias estão o uso de câmeras inteligentes para monitorar veículos e indivíduos em tempo real, permitir o uso de armas de fogo pela Guarda Municipal, além de iniciativas (não especificadas) para prevenir desastres e melhorar o quadro da habitação na cidade. Ramagem também afirma se comprometer com programas de regularização fundiária e títulos de posse, propondo a realocação de moradores em áreas vulneráveis para novas habitações. Além do PL, apoiam a candidatura de Ramagem MDB e Republicanos.

Tarcísio Motta (PSOL)

Tarcísio Motta. Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados
Tarcísio Motta. Foto: Will Shutter / Câmara dos Deputados

Número de Legenda: 50 — Campanha “O Rio merece mais

Tarcísio Motta, 49 anos, é professor de história, natural de Petrópolis, cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro. Foi professor do Colégio Pedro II, atuou como diretor do Núcleo de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) e mais tarde assumiu o cargo de diretor estadual do sindicato, entre 2006 e 2012. Atualmente, exerce o cargo de deputado federal. Antes disso, foi vereador na capital fluminense por dois mandatos pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), sendo em 2020 o vereador mais votado, e onde participou da CPI dos Ônibus, criticando a falta de empenho do governo e de outros vereadores em investigar as irregularidades do sistema. Foi presidente da CPI das Enchentes, onde denunciou a insuficiência de investimentos da administração municipal na prevenção dos danos causados pelas enchentes. Tarcísio Motta terá Renata Souza, deputada estadual atualmente em seu segundo mandato, como candidata a vice-prefeita.

Como oposição à gestão atual, Tarcísio Motta centra suas propostas na inclusão social e no combate à desigualdade. Ele defende políticas de mobilidade urbana que priorizem a acessibilidade e qualidade do transporte público, como tarifa zero às sextas, sábados e domingos para promover direito à cidade e ao lazer. Propõe programas para a melhoria das condições habitacionais nas comunidades, incluindo o aumento do valor do aluguel social de R$400 para R$900. O candidato propõe a construção de 50.000 moradias, sendo 25.000 moradias populares na região do Porto, além de medidas como a ampliação do Bolsa Família e a implementação de cozinhas solidárias. Ele também defende o desmantelamento de mercados clandestinos de armas, terras e serviços urbanos. Entre suas propostas, destaca-se a proteção contra enchentes, que impactam diretamente os moradores de áreas periféricas e favelas: como deputado federal protocolou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para a criação de um Sistema Único de Prevenção Socioambiental. Entre suas outras propostas, destacam-se o aumento do investimento na saúde pública e na educação, com foco na expansão de escolas e creches em tempo integral, a criação de 27 novos restaurantes populares e a reestruturação da escala da Guarda Municipal. A coligação de partidos que apoiam Tarcísio Motta, além do PSOL, é composta por PCB e REDE.

Cyro Garcia (PSTU)

Cyro Garcia. Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Cyro Garcia. Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

Número de Legenda: 16 – Campanha “Contra burguês, vote 16!” — Não foi encontrada página de campanha do candidato.

Cyro Garcia é um militante político veterano e filiado ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Nascido em Manhumirim, Minas Gerais, tem 69 anos e é formado em História e ex-bancário. É conhecido por uma longa trajetória de luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra as injustiças sociais. Garcia foi deputado federal entre 1992 a 2000 e é um dos principais líderes do PSTU no estado do Rio de Janeiro, tendo concorrido diversas vezes a cargos eletivos, sempre com uma plataforma baseada no socialismo e na defesa da classe trabalhadora.

Em sua campanha, Cyro Garcia defende uma série de propostas voltadas para a transformação radical da sociedade. Entre suas principais propostas, estão o não pagamento da dívida pública e a destinação desses recursos para investimentos em saúde, educação e moradia. Defende a luta pelo fim das operações policiais nas favelas, inclusão de educação ambiental no currículo do ensino municipal, e um plano de de habitação pensando sobretudo nos moradores de favelas e áreas periféricas com a construção de moradias populares, regularização e implementação de equipamentos e serviços públicos.

Rodrigo Amorim (União Brasil)

Rodrigo Amorim. Foto: Reprodução
Rodrigo Amorim. Foto: Reprodução

Número de Legenda: 44 – Campanha “Força para mudar

Rodrigo Amorim, 46 anos, da Tijuca, Zona Norte, é advogado e deputado estadual pelo Rio de Janeiro, filiado ao União Brasil-RJ. Ele ganhou destaque na política ao ser o deputado mais votado do estado nas eleições 2018. Conhecido por seu posicionamento conservador, Amorim é defensor de pautas relacionadas à lei à ordem. Em 2018, ele ficou notório ao quebrar placa em homenagem à Vereadora Marielle Franco junto com o hoje presidiário e ex-deputado Daniel Silveira e o impeachmado ex-governador Wilson Witzel. É importante lembrar que a socióloga, parlamentar, ativista dos direitos humanos, mãe, mulher negra e cria do Complexo da Maré, Marielle Franco, havia sido vítima de feminicídio político somente sete meses antes deste episódio lamentável da quebra da placa em sua homenagem. Segundo comprovam as investigações da Polícia Federal (PF), seu assassinato foi arquitetado devido à atuação da parlamentar pelo direito à moradia, por pessoas que estavam no seio do Estado. Os assassinos são Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), apontado como o principal articulador do feminicídio político; Chiquinho Brazão, deputado federal pelo mesmo partido de Rodrigo Amorim, irmão de Domingos e acusado de ter financiado o assassinato; Rivaldo Barbosa, ex-Chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, que teria ajudado a planejar e dificultado as investigações, além dos policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados de serem os executores de Marielle e Anderson Gomes.

A correlação de Rodrigo Amorim com ocorrências policiais não para por aí. No início de 2023, veio à público que um carro oficial da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) cedido para Amorim foi utilizado de maneira criminosa em atos golpistas. Além disso, em agosto de 2022, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) aceitou denúncia do Ministério Público Eleitoral, tornando Amorim réu por transfobia. Em maio de 2024, Rodrigo Amorim foi condenado pelo crime de violência política de gênero contra a Vereadora Benny Briolly, primeira parlamentar trans de Niterói. O candidato a prefeito disse que vai recorrer. Por conta do crime de transfobia, ele chegou a ter sua candidatura indeferida, no entanto, a sentença foi revertida depois de um recurso que pedia que sua inelegibilidade só fosse decretada ao fim do julgamento dos recursos ter sido acatado pelo TRE-RJ. De volta à campanha, Rodrigo Amorim defendeu propostas polêmicas sobre a segurança pública, como ampliar o acesso a armamentos para cidadãos e para a guarda municipal, além de reformar o sistema penitenciário. No entanto, é importante notar que nenhuma dessas são atribuições de prefeito: controle de armas se dá a nível nacional, armar a guarda municipal é uma decisão da Câmara dos Vereadores e o sistema penitenciário é de atribuição do Estado. Além do União Brasil, o Mobilização Nacional também apoia o candidato.

Juliete Pantoja (UP)

Juliete Pantoja. Foto: Eduardo Uzal / Agência O Dia
Juliete Pantoja. Foto: Eduardo Uzal / Agência O Dia

Número de Legenda: 80 – Não foi encontrada página da campanha da candidata.

Juliete Pantoja, 34 anos, nasceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e é uma ativista social e educadora que ganhou notoriedade por sua atuação em movimentos populares, principalmente no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Filiada ao partido Unidade Popular (UP), Pantoja tem um histórico de militância em defesa dos direitos das minorias e da igualdade social. Ela está concorrendo a um cargo público pela terceira vez, tendo disputado anteriormente eleições em 2012 e 2020. É reconhecida por sua defesa da educação pública de qualidade e pelo acesso à moradia digna para todos.

Em sua campanha, Juliete Pantoja apresenta propostas centradas na ampliação dos direitos sociais e na redução das desigualdades. Segundo a candidata, seu programa de governo “é comprometido com a luta dos trabalhadores”. Ela defende o investimento maciço na educação, institucionalização do poder popular, orçamento participativo construído a partir de conselhos locais e substituição das subprefeituras por conselhos locais. Preocupa-se com direitos humanos e combate ao racismo, propondo a construção do programa “Juventude Negra Viva”. Entre suas propostas, está a criação de restaurantes populares, cozinhas comunitárias, lavanderias coletivas, creches, bem como assistência social para mulheres trabalhadoras.

Marcelo Queiroz (PP)

Marcelo Queiroz. Foto: Câmara dos Deputados
Marcelo Queiroz. Foto: Câmara dos Deputados

Número de Legenda: 11 – Campanha “O Rio tem opção

Marcelo Queiroz, 39 anos, é advogado, filiado ao Partido Progressistas (PP). Atuou como secretário de meio ambiente do ex-Prefeito Marcelo Crivella em 2019 e, posteriormente, como secretário estadual de agricultura do governo de Wilson Witzel, onde permaneceu até 2022. Nesse ano, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro. Entre suas realizações, destaca-se a criação do RJPET, a primeira política pública estadual voltada para pets, que se tornou o maior programa de castração de animais do Brasil.

Queiroz se promove como um candidato da chamada terceira via, distante da polarização política, apesar de ter feito parte da base do governo Bolsonaro no Congresso, foi secretário de Crivella e de Witzel.  O candidato propõe investir R$100 milhões na instalação de câmeras para reforçar o planejamento de inteligência na segurança pública. Além disso, planeja revisar a política de terceirização de servidores em áreas essenciais como saúde e educação. Para a educação infantil, sugere a contratação de vagas em creches particulares enquanto novas unidades públicas estão em fase de construção. No âmbito habitacional, pretende reconstruir moradias em regiões com déficit de residências por meio de parcerias com construtoras, utilizando trocas com potencial construtivo. Apoiam Marcelo Queiroz, além de seu partido, o PSDB e o Cidadania.

Carol Sponza (Novo)

Carol Sponza. Foto: Partido Novo
Carol Sponza. Foto: Partido Novo

Número de Legenda: 30 — Campanha “O Rio não precisa de mais malandragem

Carol Sponza, 45 anos, é advogada, mestre em Políticas Públicas e filiada ao Partido Novo. Embora já tenha concorrido a deputada estadual e federal, não foi eleita em ambas as ocasiões. Conhecida por suas posições liberais, defende o livre mercado, a transparência na gestão pública e o fortalecimento das instituições de controle. No âmbito do desenvolvimento urbano e habitação, ela propõe o uso de imóveis tombados para habitação social, Parcerias Público-Privadas (PPP) para provisão habitacional, ampliação do Programa Territórios Sociais para comunidades do Rio e a modernização dos processos de licenciamento com foco na simplificação e na digitalização.

Henrique Simonard (PCO)

Henrique Simonard. Foto: Luiza Moraes/Agência O Globo
Henrique Simonard. Foto: Luiza Moraes/Agência O Globo

Número de legenda: 29 — Não foi encontrada página de campanha do candidato.

Henrique Simonard, 26 anos, filiado ao Partido da Causa Operária (PCO), é militante político da defesa dos direitos da classe trabalhadora, alinhado às diretrizes do PCO, que é conhecido por sua postura anticapitalista. Em sua campanha, Simonard defende propostas radicais voltadas para a mobilização da classe trabalhadora contra o sistema capitalista. Entre suas principais propostas estão: a estatização das grandes empresas e bancos sob o controle dos trabalhadores, a expropriação das grandes propriedades rurais para a reforma agrária e a criação de conselhos populares para a gestão da economia e da política. Simonard também propõe o fim do pagamento da dívida pública para que o orçamento possa ser investido em programas sociais.


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