No dia 09 de novembro, aconteceu no Complexo do Alemão a nona edição do evento Circulando do Instituto Raízes em Movimento. Tendo como subtítulo “Diálogo e Comunicação na Favela”, o evento durou desde às 9h até 23h e incluiu poesia, debates, grafite, performances musicais, com um foco geral nos direitos humanos.
O evento incluiu exibições fotográficas por Bruno Itan, Alexandre Correa, Rodrigues Moura, Flavia Viana, e Maria Buzanovsky e a criação de novas obras de arte de grafite nas paredes da Avenida Central.
Do lado de fora da sede do Raízes em Movimento, organizadores construíram uma tenda amarela para receber os debates e exibições do trabalho do grupo ambiental Verdejar Socioambiental, com um microfone aberto para poesia e música.
Nas proximidades, o coletivo Guerreiras da Arte, organizou uma feira de artesanatos e o SESC ofereceu oficinas de capacitação. Além da música e dança da Orquestra Popular AfroBeat Anjos e Querubins e do grupo Dança Renovação (que veio de Pelotas para o evento), houve uma apresentação de capoeira. Ocupa Alemão também organizou uma troca de livros e um lugar para deixar recados. Durante a noite, grupos de funk e rap como Bonde 2Cria, Eddu Grau, e Rapper Fiel apresentaram shows, assim como as apresentações da batalha do Passinho e do astro Rapper Filipe Ret.
Temas dos direitos humanos tiveram destaque no debate do Verdejar, no qual os lideres da ONG discutiram a luta de 16 anos por um parque ecológico na Serra da Misericórdia. O diretor explicou que apesar das promessas de milhões de reais para o parque, hoje o espaço está sendo usado como um pretexto para remover famílias que moram lá por mais de 40 anos. Edson, um dos diretores do Verdejar, perguntou várias vezes “Que tipo de parque é esse?”, chamando atenção ao fato de que a Prefeitura está dando licença para a operação de três pedreiras ultra poluentes dentro da área designada. O Verdejar iniciou uma campanha através da plataforma “Panela de Pressão” do grupo Meu Rio para chamar os secretários de Habitação e Meio Ambiente a participarem de uma discussão com grupos locais sobre o futuro do parque.
Moradores compartilharam suas experiências de ameaças e remoções, enquanto voluntários da campanha Ocupa Direitos Humanos da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ coletaram informação sobre essas violações de direitos humanos no Alemão. Uma das diversas sessões do filme “Prezado Mandela“, que apresenta o ativismo anti-remoção da África do Sul, também ocorreu no Instituto neste momento, seguido de uma discussão e debate. Panfletos da campanha Direitos 1Manos do Adubando Raízes Locais foram distribuídas para chamar atenção às violações históricas dos direitos humanos dentro da favela.
Ricardo Moura, coordenador do projeto Adubando Raízes Locais, enfatizou o diálogo com vários movimentos sociais proporcionado pelo Circulando num trecho de uma reflexão publicado no site do Raízes em Movimento. Sobre o debate do Verdejar e o filme “Prezado Mandela”, ele escreveu: “Ambas as ações tiveram como foco a inserção numa agenda de luta por direitos das e nas favelas”.
Moura continuou dizendo: “Estes momentos foram importantes, ainda mais se pensarmos que foi público, aberto em todos os sentidos, horizontal e coletivo”. Embora o Circulando representou o fim de um projeto do Adubando Raízes Locais, seu caráter de ser criativo, incentivador, e poderoso, como Moura lhe descreveu, abre o caminho para muitas oportunidades no futuro.