Os moradores da Vila Autódromo serviram café da manhã para moradores, transeuntes e trabalhadores das obras olímpicas na quarta-feira, dia 24 de setembro. A intenção era chamar atenção para as atuais remoções que estão acontecendo na comunidade por conta dos Jogos Olímpicos de 2016. Uma diversidade de comidas, sucos e café foram servidos.
O evento gerou mais visibilidade para a resistência da Vila Autódromo, porém também foi uma oportunidade para pessoas que não pertencem à comunidade–até trabalhadores do Parque Olímpico–de mostrar solidariedade com os moradores que enfrentam a remoção. Muitos acreditam que, com o megaevento se aproximando, a Prefeitura não vai honrar seus títulos de propriedade que são válidos por 99 anos.
As camisetas “S.O.S Vila Autódromo” usadas por manifestantes foram feitas como resposta para a contínua e crescente pressão por parte da Prefeitura sobre os moradores que resistiram até agora. Os moradores também afirmaram que aqueles que aceitaram as propostas de reassentamento foram muitas vezes mal informados e enganados por funcionários públicos.
O grupo conseguiu duas breves aparições ao vivo na televisão no canal TV Record–uma vitória em uma manhã de trabalho.
Enquanto o café da manhã era servido na entrada da comunidade, os moradores pararam o trânsito cantando: “O povo na rua! Prefeito a culpa é sua!”. Eles também ofereceram refrescos e lanches para motoristas que se atrasaram por conta do protesto.
A reação da grande maioria dos motoristas foi edificante. Muitos buzinavam e acenavam para demonstrar apoio, ou até se juntavam ao coro, cantando para fora de suas janelas. Ninguém reclamou com a comunidade por quererem fazer suas vozes serem ouvidas. Toda vez que o trânsito andava, motoristas passavam devagar para ler as placas de protesto dos moradores.
Moradores falaram sobre os objetivos do evento e sobre suas histórias da comunidade. Maria da Penha, moradora da Vila Autódromo há 21 anos, contou sobre quando ela tinha acabado de comprar sua casa e como poucos carros circulavam naquela época.
Luiz, um membro proeminente da Associação de Moradores, também professor de educação física e treinador de futebol, deixou claro que os trabalhadores da Secretaria Municipal de Habitação são respeitados apesar de cobrarem a demolição ou a criação de buracos em antigas casas para torná-las inabitáveis.
“Estão apenas fazendo o trabalho deles então não temos problemas com eles, a questão é a política do governo municipal em si”, disse ele. “Tudo que estamos fazendo hoje é pacífico”. Luiz também falou sobre a influência da especulação imobiliária sobre a situação.
Um pequeno grupo da Polícia Militar supervisionou a manifestação pelas laterais. Alguns moradores fizeram cartazes denunciando o papel de construtoras poderosas que influenciam as políticas públicas locais: a força insidiosa que continua a subverter o processo democrático do Rio de Janeiro se encontra no cruzamento de grandes consórcios privados do Brasil e seu governo.