As demolições na Vila União de Curicica já estão em andamento, apesar da prometida mudança de rota da rodovia e corredor de ônibus, a BRT TransOlímpica, anunciada pela Prefeitura em dezembro. Antes desse anúncio, o bairro da Zona Oeste estava sendo ameaçado com uma das maiores remoções já propostas para as Olimpíadas de 2016, devido à sua localização ao longo da rota proposta para o BRT a menos de um quilômetro do futuro Parque Olímpico.
O anúncio, em dezembro, tinha dado aos moradores razão para otimismo. Graças à resistência da comunidade à remoção, as autoridades da Prefeitura foram a Vila União de Curicica para anunciar um plano revisto para o BRT que poupava a maioria das casas reduzindo as remoções necessárias em 83%. O novo plano utilizaria um terreno relativamente não utilizado em um complexo hospitalar ao longo da margem ao norte da comunidade. No entanto, os moradores ouviram poucas confirmações por parte das autoridades após o anúncio inicial.
Em seguida, no início deste ano, publicado sem maior divulgação no Diário Oficial, o governo revelou que 304 famílias seriam removidas da área, muito acima dos 181 anunciados em dezembro. Agora, moradores reportam terem ouvido diretamente de autoridades da Prefeitura, que todos terão que deixar suas casas.
Os moradores estão decepcionados pelo fato da Prefeitura ter anunciado a permanência da comunidade em dezembro, e em seguida terem sido incapaz de evitar as remoções. Um morador disse: “Hoje, os engenheiros podem construir aquedutos, túneis, e coisas no espaço, mas eles não podem poupar a nossa comunidade?”
O Ministério Público enviou um pedido solicitando o plano oficial do projeto, porém foi respondido que o plano oficial ainda não está finalizado.
Como na vizinha Vila Autódromo e em outras comunidades que enfrentam remoções, a Prefeitura faz buracos grandes em cada parede das casas vazias para torná-las inabitáveis. As preocupações com a segurança se avultam. Os moradores que desejam permanecer também têm informado que as demolições de algumas casas têm afetado o abastecimentos de água e de internet. Os moradores nos disseram que muitas das demolições ocorreram no final de semana da Páscoa, quando os moradores estavam celebrando o feriado religioso, e que a equipe de demolição tentou impedir os moradores de fotografarem a cena e zombava deles.
A Prefeitura também tem reprimido os negócios locais no bairro. Um proprietário de um bar teve seu negócio encerrado, devido a supostas violações sanitárias, embora ele não servisse alimentos, mas apenas bebidas seladas. Os agentes da Prefeitura se recusaram a renovar sua licença de negócio porque o bairro estava sendo removido, colocando-o em uma condição de impossibilidade.
As negociações continuaram a ocorrer de um em um e as ofertas de indenização têm aumentado nos últimos meses, mas os moradores ainda alegam que esses números não são o suficiente para comprar uma casa comparável na área circundante, como exigido pela Lei Orgânica do Município. Os preços de moradia em Curicica refletem a tendência ascendente constante nesta região da cidade; enquanto os preços da Zona Sul esfriam, os preços em Curicica continuam a subir.
Será que a Prefeitura manterá a sua promessa de minimizar as remoções e usar o seu plano de projeto revisto, ou estará na verdade, voltando para seu plano original e tentará remover toda a comunidade? Com demolições ocorrendo na região sul de Vila União de Curicica, a última possibilidade parece estar iminente.