Exposição ‘Favela Tem Memória’ Traz ao Público a Memória Social das Favelas do Rio [IMAGENS]

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Favela Tem Memória é uma exposição organizada pela ONG Viva Rio que explora a história de 12 favelas situadas ao longo das linhas do metrô do Rio. A exposição foi inaugurada no dia 29 de fevereiro: iniciada no dia 29 na estação Pavuna, no extremo da Zona Norte, e aportada agora na estação General Osório, em Ipanema na Zona Sul, onde ficará até dia 18 de março.

Usando uma plataforma multimídia interativa, turistas e pessoas a caminho do trabalho poderão explorar a memória social e a história de 12 favelas: Acari, Mangueira, Salgueiro, Colégio, Chapadão, Borel e Pedreira na Zona Norte; Providência, Santo Antônio e Mineira/São Carlos no Centro do Rio; Cantagalo, Pavão/Pavãozinho e Rocinha na Zona Sul. A informação inclui um breve resumo sobre a demografia da favela, como se formou, fotografias de diferentes períodos e depoimentos de vários moradores de longa data.

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Providência, 1969. Imagem cortesia do Favela Tem Memória/Viva Rio

O mosaico de histórias coletadas pelos pesquisadores inclui relatos de líderes comunitários, donas de casa, imigrantes e sambistas. Suas histórias e arquivos de imagens mostram o desenvolvimento da cultura da favela, o estilo de vida dos moradores e as paisagens urbanas das comunidades.

Numa das histórias, Eidibal Neves, um morador do Cantagalo, descreve como era a vida na favela quando ele era jovem: “Sempre que dava vinha um vizinho ajudar numa obra, numa reforma, construir um barraco. E a gente repartia quase tudo. Na casa de fulano tá faltando um dente de alho… a gente dava dois ou três dentes para ele. Aqui em casa tá faltando arroz, o outro dava… era uma troca constante de gentilezas. Todo mundo era pobre, a vida no morro era difícil, mas todos se ajudavam”.

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Cantagalo, 1972. Imagem cortesia do Favela Tem Memoria/Viva Rio

A exposição também realça outros aspectos da história das favelas, como as remoções durante a ditadura militar. Entre 1968 e 1975, quase 100 comunidades foram destruídas e mais de 150 mil pessoas foram removidas de suas casas.

Margarida Siqueira da Silva, antiga moradora da favela da Catacumba na Lagoa, que foi destruída em 1970, conta: “Foi difícil me acostumar com o subúrbio. Chorei muito na hora de ir embora. Todos os meus amigos moravam na Catacumba”.

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Imagem cortesia do Favela Tem Memória/Viva Rio

Dentro das histórias há também as de moradores mais velhos, que recordam aspectos diferentes da história das suas comunidades, e de famílias que estão envolvidas com o desenvolvimento e a cultura da comunidade. Joel da Mineira, do São Carlos, conta sobre o envolvimento de longa data da sua família com a história do samba da área: “O samba é uma coisa de raiz, né? É hereditário… Meu pai foi um dos grandes pioneiros dentro da comunidade. Além de sambista, foi um grande líder comunitário, que trouxe vários benefícios para cá. Também foi criador de vários blocos, como o Bloco da Mineira. Foi o fundador da Escola de Samba Mirim Sementinha do Estácio. Eu hoje “estou” presidente da Escola de Samba Mirim Nova Geração do Estácio… estou no sexto mandato, fazendo um trabalho com essa garotada”.

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Carnaval no São Carlos, década de 60. Imagem cortesia do Favela Tem Memória/Viva Rio

Mais histórias sobre os moradores, fotos e informação sobre a exposição podem ser encontrados no site do projeto Favela Tem Memória, um portal que vem sendo desenvolvido pelo Viva Rio desde 2005 para documentar a história e memórias das favelas.

A exposição ‘Favela tem Memória’ estará diariamente aberta das 9.00h às 18.00h na Estação de metrô General Osório até o dia 18 de março.