Vila Autódromo Inaugura Museu das Remoções

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Apoiadores e moradores se reuniram na Vila Autódromo, no dia 18 de maio, para comemorar o lançamento de um novo museu a céu aberto, o Museu das Remoções.

Sete instalações foram construídas com materiais de demolições deixados para trás. Cada instalação homenageia uma casa ou prédio demolido, assim como a grande luta enfrentada pelos moradores da comunidade.

Instalação da Associação de Moradores

Uma instalação foi realizada no local da Associação de Moradores, que foi demolida em fevereiro deste ano. O prédio era de grande importância simbólica para a comunidade. No entanto, como a moradora Sandra Maria explicou:

“Conversamos muito no momento em que eles estavam destruindo o prédio, dizíamos que a Associação de Moradores iria continuar… A Associação é muito mais do que um prédio, é muito além disso. Ela é a organização dos moradores. Quando vemos moradores organizados, unidos, tendo discussões, lutando juntos,  sabemos que a Associação de Moradores ainda está viva.”

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Uma tocha olímpica feita de destroços está exposta do lado de fora da Igreja Católica, um dos únicos prédios que foi deixado de pé em uma comunidade que anteriormente era lar de mais de 600 famílias. A igreja tem sido um espaço importante para reuniões durante anos, e particularmente depois da Associação de Moradores ter sido demolida. Luis e Maria da Penha mudaram-se para a igreja após a destruição da casa deles em março. A instalação tem elementos de ferro e concreto, que representam a força da resistência da comunidade.

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Outra instalação foi construída a partir dos restos do parquinho, que tinha sido revitalizado por moradores em novembro passado. “Há muitas histórias e muitas lembranças deste parque, das crianças e também do processo de resistência contra a remoção. Muitas coisas aconteceram neste parque… Aqui nós recebemos grupos de representantes de direitos humanos de todo o mundo”, disse Sandra Maria. Outros eventos incluíram o lançamento do livro de Raquel Rolnik Guerra dos Lugares: a Colonização da Terra e da Moradia na Era das Finanças, e o lançamento do premiado plano de urbanização da comunidade, o Plano Popular.

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O museu foi inaugurado no Dia Internacional dos Museus, e é esperado que seja um exemplo para outras comunidades que enfrentam lutas semelhantes.

A ideia do museu é ser um testemunho da luta da comunidade durante o longo processo de remoção e um instrumento de preservação e homenagem à memória dessa luta. “Fizemos muito até chegar a este ponto, e não é certo que tudo caia no esquecimento”, disse o morador Luiz Claudio Silva.