Na noite de sábado, dia 30 de junho, moradores da Vila Autódromo realizaram seu arraiá anual. A comunidade recebeu por volta de 40 pessoas de bairros próximos e distantes. Durante a tarde, a rua principal da Vila Autódromo se encheu de risadas com crianças brincando e adultos compartilhando uma boa conversa e boas lembranças, acompanhadas por pratos tradicionais e um churrasco.
Entre servir sopas quentes, arrumar o sistema de som, e conversar com quem chegava, o co-organizador do evento Luiz Claudio Silva parou para trocar uma palavra com o RioOnWatch. Luiz morou na Vila Autódromo por 25 anos e continua a viver lá, em uma das 20 casas que formam a comunidade hoje. Ele explicou que a comunidade começou a realizar o arraiá e muitos outros eventos culturais nos anos anteriores às Olimpíadas de 2016 quando a Vila Autódromo estava sendo alvo de remoção pela prefeitura.
Para Luiz, o arraiá é um testemunho ao espírito comunitário duradouro da Vila Autódromo. Ele pontuou, “nós conseguimos fazer vários eventos culturais nos períodos difíceis. Então, Por que não continuar? Se teve festa nos momentos ruins, então vamos ter também nos momentos bons”.
Para o frequentador Pedro Victor Freire dos Santos, a festa é uma comemoração da resistência da Vila Autódromo. Ele notou que os valores dos imóveis na área estavam subindo rapidamente na época dos preparativos Olímpicos. Como conseqüência, empreendedores imobiliários estavam de olho em comunidades, como na Vila Autódromo, visando o uso da terra para a construção de complexos de apartamentos de luxo. Pedro explicou, “a permanência das pessoas serve para nos lembrar das vitórias da luta”.
Pedro também acredita que as festas culturais feitas pela Vila Autódromo contribuem para esforços mais abrangentes como reivindicar o direito à cidade das pessoas. Ele refletiu, “Estamos mostrando que a luta também constrói festas, eventos culturais onde a gente consegue sentar junto, conhecer pessoas novas e nos divertir. Todos os espaços servem para gente pensar na nossa vida, e construir uma sociedade diferente”.
Tarde da noite, pessoas de todas as idades, alguns vestidos com chapéus de palha, camisas xadrez, vestidos, e saias de babado, se alinharam para participar da quadrilha. Dando as mãos e dançando lado a lado, os membros da comunidade e os visitantes dançaram noite adentro, enchendo-se de alegria e camaradagem.