Chuvas no Rio Devastam Várias Favelas, Deixando Pelo Menos 10 Mortos #OQueDizemAsRedes

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Matéria da série #OQueDizemAsRedes que traz pontos de vista publicados nas redes sociais, de moradores e ativistas de favela, sobre eventos e temas que surgem na sociedade.

Chuvas torrenciais e enchentes repentinas abalaram o Rio de Janeiro, cobrando um alto preço à cidade em geral, incluindo suas favelas. O aguaceiro que começou no início da noite de segunda-feira, 8 de abril, adentrou a madrugada e se prolongou até a noite de terça-feira, matou pelo menos dez pessoas e deixou várias outras desaparecidas.

Em meio a deslizamentos de terra, árvores caídas e estradas em ruínas, o Prefeito Marcelo Crivella declarou estado de emergência na noite de segunda-feira, fechando escolas e aconselhando os moradores a não deixarem suas casas. Com as sirenes de alerta de chuva soando por toda a cidade, muitos moradores da favela se viam em perigo. A precipitação catastrófica desta semana, a mais forte registrada no Rio em 22 anos, marca a segunda chuva extrema em pouco mais de dois meses, sendo que os deslizamentos de terra no início de fevereiro deixou sete mortos. Crivella, que disse a jornalistas na manhã de terça-feira que “essa era uma chuva completamente atípica“, culpou a falta de preparação da prefeitura em administrações anteriores.

Os meios de comunicação locais e internacionais foram rápidos em apontar, no entanto, que o Rio tem visto um declínio acentuado nos gastos públicos para sistemas de controle de enchentes desde que Crivella assumiu o cargo. De fato, a Secretaria Municipal de Conservação (SECONSERVA) não autorizou novos gastos entre janeiro e abril deste ano.

Muitas favelas tiveram vidas, casas e propriedades destruídas. O RioOnWatch pesquisou relatos nas mídias sociais de ativistas de favela e moradores por toda a cidade. O que se segue não deve ser considerado uma lista que dê conta da dimensão dos estragos, já que as favelas da cidade viram danos e perdas extremas. Na parte inferior da página, você encontra meios para doar às comunidades afetadas.

Zona Sul

Babilônia

Um deslizamento de terra na Babilônia, na Zona Sul, com vista para a praia do Leme, matou as irmãs Doralice e Gerlaine Nascimento, o deslizamento de terra as soterrou dentro da própria casa. Após um esforço de busca e resgate, Gilson Cezar Cerqueira dos Santos—que parece ter tentado ajudar as irmãs Nascimento—também foi encontrado morto.

A sirene de alerta de chuva da Babilônia não foi ativada porque os níveis de chuva não atingiram o mínimo exigido de 45mm/hora. Crivella depois anunciou que a prefeitura revisaria seus protocolos de sirene.


Vidigal

De acordo com moradores do Vidigal, que tem vista para o Sheraton Hotel e é vizinha da praia do Leblon, a sirene local de alerta de chuva tocou durante todo o dia. A favela também viu sua via principal de acesso, a Avenida Niemeyer, ficar completamente intransitável.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1752097658224221&set=a.408091415958192&type=3

Cantagalo

A encosta entre a favela do Cantagalo e o bairro à beira-mar, Ipanema, viu os deslizamentos de terra impactarem edifícios residenciais de Ipanema.

https://www.instagram.com/p/BwCxgLpBeRm/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=m7x7vh0ssmsa

Rocinha e Região ao Redor

Na tarde de terça-feira, a mídia local confirmou várias outras mortes, incluindo a de Guilherme Nascimento, morador do Parque da Cidade—uma pequena favela localizada ao lado da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Os bombeiros encontraram o corpo de Guilherme preso debaixo de um carro no bairro vizinho da Gávea.

No Twitter, moradores da Rocinha postaram vídeos e fotos de enchentes ladeira abaixo.

“A Rocinha sempre é castigada pela chuva devido a localização geográfica e… a falta de obras de saneamento básico. No vídeo, uma mulher está ilhada e correndo risco de ser levada pela água”, escreveu o jornalista comunitário da Rocinha, Michel Silva.

De acordo com a prefeitura, várias favelas nas Zonas Sul e Oeste da cidade viram níveis de precipitação de quatro horas superarem as médias mensais. No entanto, as fortes chuvas não afetaram apenas as favelas, a cidade inteira foi duramente atingida. O bairro Jardim Botânico, que abriga o Jardim Botânico da cidade, bem como a sede da Globo, viu cerca de 150mm de chuva em menos de quatro horas, mais do que o previsto para todo o mês de abril. E uma avó e um neto, junto com o motorista de táxi que as conduzia, foram encontrados soterrados após a tempestade, em Botafogo, no coração da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Zona Oeste

Dado que de hora em hora os noticiários repetiam as cenas de carros submersos e ônibus encalhados no Jardim Botânico, os moradores de favelas, particularmente em outras regiões da cidade, lamentaram a cobertura desproporcional. “A cobertura que o jornalismo Globo está fazendo é só pra gente da Zona Sul. Guaratiba, Rio das Pedras, Campo Grande [na Zona Oeste] ainda sendo castigada pela chuva e não passa nada nessa tal “cobertura”. O abandono é em todos os sentidos”, escreveu um morador.

Outros da Zona Oeste compartilhavam imagens de um hortifruti inundado na favela de Rio das Pedras, com a água da chuva na altura da cintura e prateleiras e bancadas inteiras arruinadas.

Cidade de Deus

O coletivo de mídia Cdd Acontece, da Cidade de Deus, alertou sobre a continuidade das chuvas na tarde de terça-feira, já que “diversas partes [do bairro] estão alagadas”.

https://www.facebook.com/cddacontece/posts/1997910083667960?__xts__%5B0%5D=68.ARCKweJY-ROSYJEzhUj22xC9GfoRa6RMUKmeau_hJe8nL7ZHwtugr9Dqzpk11g1xIr5EF3JNJepVtETEpGbeTsZ7xQB3D8mEysIeeu-PNmUvSyLD_1sATqcqJskbFJcXH8LUhxh2naL7NjcNdmP01FYXYDL2XhzCYvixyZbUPZMpUQgwQUzbjfmJDNo2MQ_uUPdNSrdtt3pGhgY41zALH_spoGJLnDifgZeurYJQiYRSXnxeBrpBcHTQEiRFj4jcJ14x8R2oPlsnaTtHYn3q6pHDAdZHQoMRX4cGpOrJhiJLp9ko3OEd3kxhxJact5CqDKpuoex2NzN0IzFJrO5-b-2O9g&__tn__=-R

Antares

O ativista de Antares, Jessé Andarilho, postou um vídeo da casa de sua mãe, chamando moradores de toda a cidade para ajudar com doações.

https://www.instagram.com/p/BwCewpNHr2l/?utm_source=ig_web_copy_link

Muzema

A favela de Muzema viu rios se formarem nas ruas, derrubando carros e destruindo ruas de paralelepípedos.

Zona Norte

Indiana/Borel

Moradores de Indiana e Borel relataram que um projeto de construção inadequado por uma escola próxima havia interrompido o fluxo regular de água que saía do Parque Nacional da Tijuca. Deste modo, correntes irregulares, inundaram a comunidade, em vez de fluir para o vizinho Rio Maracanã.

https://twitter.com/peralttinhaofc/status/1115437762763685888

Manguinhos

O coletivo de mídia local Fala Manguinhos relatou enchentes generalizadas por toda a favela, escrevendo: “ATENÇÃO. Muitas casa já entraram água em Manguinhos, o Rio a muito tempo já transbordou. Moradores estão ilhados em suas casas. O medo é constante. Quem tiver mais informações mande nos comentários”.

https://www.facebook.com/falamanguinhos/photos/a.680745625295043/2117058188330439/?type=3&__xts__%5B0%5D=68.ARAtFg_kHxvS9DERN51UAczrfETVyE-BpzgpFv7mIVBiGpEZfWzZJTIwvnUelq6JiqPJJMKEi8hZaotCSV7aascW4gQStDFoFR2EHbNyEyP2pjfeLrhcjyqtOiLS8SgTBfWAF0mHZ1AOwol39Vse7XJgO7r3sXOlLRwXvEI1Ti3RT6zrJvzz106771EvwGmX4D2w7Gxm58Ezr65deIemmjdxwO3wo6oh_0TKyKVtawrzv2JaAHHK9YkNvbY1coZbMM8HAmXU35dSzLPpXT_q-v6QnPZKkGfF04NyTvOnnw–pTXK3ZzM1CkpC6F8C399kQzEkOQpoLvh39h7CfU80slm7w&__tn__=-R

Acari

Os membros do coletivo de mídia de Acari, Fala Akari, capturaram imagens de um caveirão da Polícia Militar encalhado entre prédios, escrevendo: “Ao invés da chegada Defesa Civil, o estado enviou o caveirão do 41º BMP”.

https://www.instagram.com/p/BwCkDAnAJPy/?utm_source=ig_share_sheet&igshid=kvl1qucm6uon

Grande Rio de Janeiro—Niterói

Morro do Cavalão

Em Niterói, a deputada federal Talíria Petrone (Partido Socialismo e Liberdade–PSOL) compartilhou imagens de um deslizamento de terra e desmoronamento de casas na favela Cavalão. Ela escreveu “vídeo que recebemos do Morro do Cavalão em Niterói. Temos informações de que uma pessoa foi soterrada, mas socorrida e agora está no Hospital Azevedo Lima. Pedimos para quem mora em área de risco procure um abrigo seguro. Exigimos que a prefeitura garanta a segurança das pessoas”.

Terça à noite, foi relatado um segundo deslizamento de terra no Cavalão. Ninguém ficou ferido.

Se você mora fora do Rio de Janeiro e quer apoiar as vítimas, você pode doar para a ONG Comunidades Catalisadoras, a ONG brasileira e estadunidense USA 501 [c] [3] que publica o RioOnWatch, aqui, e 100% da sua contribuição será repassada para grupos comunitários, listados abaixo, que estão organizando doações. Por favor, escreva “2019 Rains” na categoria “earmark”. Ou simplesmente envie uma mensagem para donate@catcomm.org informando que sua contribuição está destinada a “chuvas de 2019”.

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES NA BABILÔNIA

📍 Ponto do mototáxi – Ladeira Ari Barroso, 66

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES NA ROCINHA

📍Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem – Estrada da Gávea, 445

📍Primeira Igreja Batista da Rocinha – Estrada da Gávea, 436

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES NO HORTO

📍Igreja Batista do Horto – Rua Pacheco Leão, 1306

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES NA CIDADE DE DEUS

📍Igreja Metodista Wesleyana (em frente da Escola Municipal Alphonsus de Guimarães) – Rua Carmelo, 19

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES EM SANTA CRUZ

📍Porão da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição – Praça Dom Romualdo, 11

📍Centro Espírita Lar de Francisca (perto do McDonald’s) – Rua General Olímpio, 52B

📍Paróquia Jesus Salvador do Mundo – Rua Pitombeiras, 554

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES EM MANGUINHOS

📍Fiocruz (Centro de Saúde Escola CSE Germano Sinval Farias, Instituto Nacional de Infectologia, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz) – Avenida Brasil, 4365

📍Associação de Moradores de Varginha

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES NA MARE

📍Pavilhão Expansão da Fiocruz – Avenida Brasil, 4036

PONTO DE COLETA DE DOAÇÕES FORA DE FAVELAS

📍Ordem dos Advogados do Brasil (OAB–RJ) – Avenida Marechal Câmara, 150 (Centro)

📍CAARJ – Avenida Marechal Câmara, 210 (Centro)

📍Centro Cultural da Ação da Cidadania – Avenida Barão de Tefé, 75 (Saúde)

📍Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) – Avenida Rui Barbosa, 716 (Flamengo)

📍Fundação para a Infância e Adolescência – Rua Voluntários da Pátria, 120 (Botafogo)

📍Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM/Fiocruz) – Avenida Comandante Guaranys, 447 (Jacarepaguá)

📍Centro de Referência Professor Hélio Fraga (Fiocruz) – Estrada de Curicica, 2000 (Jacarepaguá)

📍Universidade Federal Fluminense (UFF) – Rua Miguel de Frias, 9 (Icaraí, Niterói)

📍Shopping centers: Nova América, Madureira, Rio Design Barra, Rio Design Leblon, Botafogo Praia, Boulevard e Nova Iguaçu