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A Relação Entre Favelas Cariocas, Clima e Natureza É Tema da Exposição Completa ‘Memória Climática das Favelas’, que Traz Extensa Linha do Tempo, Dados Inéditos e Depoimentos Inusitados de 10 Favelas ao Público, Inclusive das 3 Maiores [Release em PDF]
Após mais de três anos em desenvolvimento, neste sábado, 03 de maio de 2025, acontece o tão esperado lançamento da exposição completa “Memória Climática das Favelas”, informada por 1145 testemunhos de 10 favelas, organizada por onze museus e coletivos de memória das favelas, integrantes da Rede Favela Sustentável, aberto ao grande público no Museu da Maré com visitação até 30 de julho. O evento, que começa às 8h30 e termina 17h, contará com uma abertura oficial com falas dos realizadores e participantes, banners, vídeos, linha do tempo, poço das memórias, mapa interativo, esquete ambiental e tenda com atividades para crianças, entre outras atrações.
28 de abril de 2025 — No fim de semana que inicia o Mês dos Museus, a Rede Favela Sustentável inaugura, no sábado, 03 de maio, no Museu da Maré, a exposição completa ‘Memória Climática das Favelas’. Reunindo depoimentos e dados históricos inéditos, com profunda afetividade, sobre a relação de 10 favelas com o clima e a natureza, o projeto Memória Climática das Favelas promove um salto fundamental com o objetivo de atingir a compreensão necessária para alcançar a tão esperada integração efetiva e o desenvolvimento sustentável pleno do Rio de Janeiro, cidade complexa na qual vivemos.

Representando as três maiores favelas do município (Rocinha, Rio das Pedras e Complexo da Maré), favelas marcadas por graves impactos climáticos (Acari, Vidigal e Pavão-Pavãozinho/ Cantagalo), outras que se tornaram destinos para deslocados climáticos (Antares e Cidade de Deus), e ainda comunidades com projetos exemplares de coexistência com a natureza (Horto e Complexo da Penha)—a exposição foi resultado de 1145 testemunhos sistematizados de 382 participantes durante rodas de conversa nestas 10 favelas ao longo de 2023 e 2024.
“Eu lembro bem que quando teve a chuva de 1996, a minha família foi muito atingida. A minha família mora bem próximo ao rio, e na casa da minha tia, saiu o muro inteiro e ela foi arrastada e foi salva por um grupo de vizinhos que estavam fazendo todo esse movimento para retirar as pessoas… Meu tio foi uma dessas pessoas, porque ele tinha 1,90m… Ele ficou na água ajudando as pessoas, meu Tio Adão. Logo depois ele teve leptospirose e faleceu… Um vizinho que também ajudou cuidando das pessoas, entrou e bebeu aquela água e também faleceu de leptospirose… E um grande grupo ficou afetado psicologicamente.” — Priscila da Silva Pereira, Roda de Cidade de Deus, abril de 2024
Programação do Lançamento
O evento de lançamento, que acontece de 8h30 – 17h no dia 03 de maio, é gratuito e aberto ao público de todas as idades. A abertura oficial será realizada com falas dos realizadores e participantes das rodas de memória climática, pela manhã. Será o maior evento aberto ao público da Rede Favela Sustentável do semestre e um dos maiores da sua história.
Contará com um circuito expositivo com banners de apresentação das rodas de memória em cada local, exibição de vídeos que documentam as reflexões dos moradores sobre mudanças climáticas, uma extensa linha do tempo com 60 acontecimentos marcantes da história climática das favelas do Rio de Janeiro, poço das memórias com recordações fotográficas, mapa interativo com experiência cartográfica afetiva, esquete ambiental e outras apresentações por jovens da Maré, inclusive uma tenda com atividades para crianças.

A exposição permanecerá aberta à visitação até 30 de julho no Museu da Maré, que há dois anos realizou a roda de memória climática inaugural, compondo a exposição junto dos conhecimentos registrados nas rodas realizadas pelo Museu Sankofa (Rocinha), Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (Antares), Museu de Favela (Pavão-Pavãozinho/Cantagalo), Núcleo de Memórias do Vidigal, Alfazendo (Cidade de Deus), Centro de Integração da Serra da Misericórdia (Complexo da Penha), Museu do Horto, Fala Akari (Acari) e Conexões Periféricas (Rio das Pedras).
“O que a gente pode fazer hoje é não deixar esquecer, e não desistir.” — Márcia Souza (Museu de Favela)
O lançamento do dia 03 de maio é o único evento desta exposição marcante que contará com todos os museus e projetos realizadores presentes. Não perca suas apresentações durante a abertura pela manhã!
“A gente tem memória, a gente compartilha essa memória! Para proteger nossa vida, nossa relação com a natureza e gerações futuras.” — Lidiane Santos (Alfazendo/Cidade de Deus)
Como Surgiu a Exposição
A ideia de levantar a ‘memória climática das favelas’ nasceu no GT de Cultura e Memória Local da Rede Favela Sustentável, em 2021, com o objetivo de resgatar e registrar as memórias e histórias que guardam os moradores de longa data das favelas do Rio de Janeiro, sobre o tema do clima, para que possamos enxergar formas de nos preparar para as mudanças climáticas que estão por vir. O tema é, tradicionalmente, raramente abordado, apesar de, como mostraram as vivências compartilhadas nas rodas, ter sido sempre muito presente no cotidiano das favelas.
“Quando vim pra cá eram só barracos, não havia alvenaria. Não tinha luz elétrica, não era asfaltado, não tinha esgoto. Enfim, para nós andarmos, tínhamos que colocar tábuas. Sair de casa com bolsa e sapato na mão [para não sujar na lama].” — Izanete Bernardo da Silva, Roda de Acari, agosto de 2024
Em mais de 50 reuniões, dez dias de rodas de conversa e exposições parciais, entre 2022 e 2024, o projeto e exposição, Memória Climática das Favelas, foi desenvolvido.

A partir do conhecimento produzido e registrado em rodas de conversa, com a participação de 382 moradores, realizadas em dez favelas da capital fluminense, entre 2023 e 2024, a exposição final busca reconhecer a importância das memórias que protagonizam vivências faveladas do Rio de Janeiro, para gerar um futuro de realização de direitos, resiliência climática, florescimento e valorização do conhecimento ancestral destes territórios. Traz conhecimentos inusitados e demarca as favelas como centrais nas discussões sobre mudanças climáticas e o futuro que queremos.
O formato de roda de conversa, ou ‘grupo focal’ no linguajar de pesquisa, foi escolhido não só pela sua eficácia para registro e pesquisa, mas por seu caráter enquanto espaço de fortalecimento local através da construção coletiva de conhecimento e entendimento mútuo.
Quatro perguntas nortearam as reflexões nesses encontros:
- Como se deu a ocupação neste lugar e qual é a relação da comunidade com a natureza e o clima?
- O que são as mudanças climáticas para você e sua comunidade?
- Como as questões climáticas dialogam com o direito à moradia?
- Quais saberes a comunidade desenvolveu para responder aos desafios impostos pela natureza e pelo clima?
As rodas de memória climática realizadas nas dez favelas foram espaços de depoimentos marcantes. Sempre começando pela relação com a natureza, eram expostas lembranças variadas, doces e de luta. Mesmo que muitas das falas trouxessem relatos de dor, em roda, essa dor era reelaborada em repertório motriz de transformação social e empoderamento.
“A gente precisa que nossas soluções sejam pensadas por nós, porque se alguém [de fora] vem [com] a solução, ele não vai ter uma ligação com aquele local. Ele não tem o senso de pertencimento. Para ele, é uma solução como uma solução plástica que ele daria em qualquer outro lugar.” — Vilson Luiz, Roda do Complexo da Penha

Nas rodas, moradores trocaram visões sobre suas vivências e experiências com as mudanças climáticas, resgataram memórias sobre a relação da formação de suas comunidades com a natureza e clima, dialogaram sobre a relação do clima com a realização do direito à moradia e abordaram as soluções e mobilizações feitas pelos próprios moradores, destacando as prioridades equivocadas do Estado, que tende a ver remoção como uma solução.
“Ficamos sem água. A gente tinha água da bica. Corremos atrás, conseguimos a água. Conseguimos luz. Com nossa luta, a gente consegue as coisas, parado não… A gente sem luta não é nada.” — Eufrosina A. da Silva, Roda de Antares
Juntos, a partir das experiências e dados levantados, os coletivos de museologia social da Rede Favela Sustentável desenharam uma exposição para dar luz e voz às descobertas levantadas nas rodas, e que propõe reflexões ao público sobre a pluralidade e profunda interconexão das memórias climáticas das favelas.
Assim surgiram a proposta da riquíssima linha do tempo com paineis coloridos representando as datas essenciais levantadas nas rodas, os banners refletindo falas marcantes dos moradores em cada roda, o minidocumentário costurando depoimentos entre diversas favelas por cada tema abordado, o extremamente afetivo poço das memórias que reúne quase 300 fotografias das comunidades envolvidas e um mapa interativo costurado à mão onde visitantes podem compartilhar suas próprias memórias. O poço e o mapa foram produzidos por artesãs das favelas do Vidigal (Evânia de Paula) e Maré (Marli Damasceno), integrantes do projeto.
“Tive minha casa destruída por conta de uma enchente… As nossas memórias são memórias de dor, mas também de ressignificação e de luta. Quando se fala de mudança climática, penso muito na nossa ressignificação, na nossa luta, mas também na união, na galera que busca para poder caminhar juntas.” — Michelle Dias Lacerda, Roda da Rocinha
O coletivo participante já foi convidado a apresentar o trabalho em alguns eventos, entre eles: Abertura da Semana do IPPUR 2024, MAST Colloquia 2024, #MusaFórum16 do Grupo de Estudos MINA (Museologías Insurgentes en Nuestra America), e a 19ª Conferência Internacional de Adaptação Comunitárias às Mudanças Climáticas (CBA19).
Sobre os Coletivos Integrantes
Os coletivos de museologia social, integrantes da Rede Favela Sustentável, realizadores do projeto Memória Climática das Favelas, representam favelas em todas as áreas de planejamento do Rio de Janeiro. Saiba mais:
- Zona Norte: Museu da Maré (Maré), Centro de Integração da Serra da Misericórdia (Complexo da Penha), Fala Akari (Acari)
- Zona Oeste: Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (Antares), Alfazendo (Cidade de Deus), Conexões Periféricas (Rio das Pedras)
- Zona Sul: Museu Sankofa (Rocinha), Museu de Favela (Pavão-Pavãozinho/ Cantagalo), Núcleo de Memórias do Vidigal (Vidigal), Museu do Horto (Horto)
“A museologia social nos dá a oportunidade de nós, favelados, contarmos a nossa história!” — Maria da Penha Macena (Museu das Remoções)

Dentre os participantes do lançamento ainda incluirão moradores das seguintes comunidades: 4 Bicas, Arará, Barros Filhos, Cinco Bocas (Brás de Pina), Complexo da Pedreira, Complexo do Alemão, Comunidade Indiana Tijuca, Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Esperança, Coreia, Fallet, Favelinha das Almas, Fazenda Botafogo, Final Feliz (Complexo do Chapadão), Furquim Mendes, Gardênia Azul, Itacolomi, Jacarezinho, Manguinhos, Morro da Providência, Morro dos Macacos, Nova Campinas (Duque de Caxias), Pereirão, Salsa e Merengue, São Carlos, Senador Camará/Morro do Céu, Sereno, Tabajaras, Vaz Lobo e Vila Cruzeiro.
Sobre a Rede Favela Sustentável
A Rede Favela Sustentável é uma rede formada por 994 integrantes, mobilizadores comunitários de mais de 300 favelas e aliados técnicos, sendo 70% dos integrantes negros e 66% mulheres. No total, já participaram presencialmente mais de 4 mil pessoas em atividades da RFS. Trabalhamos integrados na luta por justiça climática para realizar o potencial das favelas como comunidades sustentáveis através de 11 eixos (Justiça Climática, Educação Socioambiental, Políticas Públicas Participativas, Cultura e Memória Local, Soberania Alimentar, Saúde Coletiva, Economia Solidária, Direito ao Saneamento, Justiça Energética, Transporte Justo, Moradia Sustentável). Buscamos fomentar qualidades já existentes nas favelas para impulsionar, concretizar e amplificar o seu potencial. A RFS atua na perspectiva de favelas como fontes de soluções, inclusive para a sustentabilidade humana, baseado no conceito de Desenvolvimento Comunitário com Base em Ativos, que tem como foco o desenvolvimento de moradores e o território de acordo com suas potências. Clique para saber mais sobre a rede. A organização gestora da Rede Favela Sustentável é a Comunidades Catalisadoras (ComCat), vencedora do prêmio da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) em 2022 entre outros, pelo seu trabalho, desde 2000, realizando projetos de suporte estratégico aos mobilizadores de favelas do Grande Rio.
Apoio
O projeto Memória Climática das Favelas foi realizado pela Rede Favela Sustentável com o apoio da Climateworks Foundation, Instituto Clima e Sociedade (iCS), re:arc institute, e Përɨsɨ: Laboratório de Ecologia, Conhecimento e Democracia/UFF.
Serviço
Lançamento da exposição completa ‘Memória Climática das Favelas’ no dia 03/05 no Museu da Maré:
Dia: 03 de maio de 2025 (sábado)
Horário: 8h30 – 17h
Local: Museu da Maré – Av. Guilherme Maxwell, 26 – Maré, Rio de Janeiro – RJ, 21040-212
Google Maps: https://maps.app.goo.gl/GzmiAFrcsfDewC6e6
Contato
- WhatsApp: Assuntos gerais: (21) 97253-8748 ou Imprensa: (21) 99197-6444
- Instagram: www.instagram.com/favelasustentavel
- Email: rede@favelasustentavel.org
- International/English: press@catcomm.org | +55(21)99197-6444
Material de Apoio para Imprensa (uso livre para imprensa)
Imagens em vídeo [uso liberado, desde que para cobertura desta pauta e atribuição à Rede Favela Sustentável]
- Minidoc completo: Memória Climática das Favelas
- Mergulho: Roda de Memória Climática no Complexo da Penha
- Lançamento da Exposição Parcial, 2023
Fotografias [uso liberado, desde que para cobertura desta pauta e atribuição à Rede Favela Sustentável/ComCat]
- ÁLBUM de imagens da construção do ‘Memória Climática nas Favelas’
- Imagens das rodas de Memória Climática das Favelas: Maré | Rocinha | Antares | PPG | Vidigal | Cidade de Deus | Complexo da Penha | Horto | Acari | Rio das Pedras
- Imagens das exposições parciais já realizadas
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- Museu das Remoções, Vila Autódromo
- NOPH, Santa Cruz
- CEASM, Maré
- Museu de Favela, PPG
- Museu Sankofa, Rocinha
- IPPUR, UFRJ
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Saiba mais sobre a Rede Favela Sustentável
Veja a Construção do ‘Memória Climática das Favelas’ Aqui:
*A Rede Favela Sustentável e o RioOnWatch são ambas iniciativas gerenciadas pela organização sem fins lucrativos, Comunidades Catalisadoras.


