Na terça-feira 6 de outubro, o Studio-X Rio recebeu o evento “Quando as pessoas tomam o controle: Bottom-up House Making” (Construção de Casas de Baixo para Cima) para discutir modos alternativos que o mundo pode usar para abrigar todos os habitantes dadas as rápidas taxas de urbanização no século XXI.
Falaram no evento: Axelle Dechelette, graduada pela Sciences Po Paris, que compartilhou sua recente pesquisa sobre Movimentos de Ocupação Urbana pelas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo; Elisete Napoleão, líder do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) que explicou o papel do movimento e diversos projetos pelo Rio; e Fernando Minto, arquiteto e urbanista da Universidade de São Paulo, que falou sobre diversos projetos de moradia social em São Paulo.
“Hoje a cidade do Rio de Janeiro possui um déficit habitacional que diz respeito a 220.000 de seus moradores.” – Axelle Dechelette
Axelle Dechelette apresentou sua pesquisa sobre quatro ocupações urbanas que acompanhou de perto desde agosto: Manoel Congo na Cinelândia, Chiquinha Gonzaga no Centro, Quilombo da Gamboa na Região do Porto e Mariana Crioula, também na Região do Porto aos pés da Providência. Ela destacou que o movimento de ocupações no Brasil começou em 1970 com o apoio da Igreja Católica, em resposta ao histórico déficit habitacional. Hoje a cidade do Rio de Janeiro possui um déficit habitacional que diz respeito a 220.000 de seus moradores, enquanto em São Paulo é de 475.000. Ela expressou que os movimentos sociais querem aumentar o número de unidades de moradia disponíveis como um dos muitos esforços para garantir o direito à moradia.
Elisete Napoleão falou sobre suas experiências de desigualdade no Rio de Janeiro. Ela cresceu na favela Pavão-Pavãozinho na Zona Sul e começou a trabalhar aos 14 anos, recebendo mais tarde uma bolsa de estudos para a faculdade de direito. Na universidade, Elisete explicou que era constantemente lembrada do Artigo 5 da Constituição, no qual “todos são iguais”, mas todo dia ao voltar para casa ela sentia que essa premissa não era verdadeira. Elisete não chegou a exercer a advocacia, mas é hoje uma líder nacional do MNLM, lutando pelo direito à moradia. De acordo com ela, muitos dos moradores do programa Minha Casa Minha Vida que são realocados para moradias públicas acabam saindo. Ela também falou sobre as atividades do MNLM de ensinar autogestão e sustentabilidade às famílias.
O arquiteto e urbanista da Universidade de São Paulo Fernando Minto apresentou três de seus projetos trabalhando com moradores de movimentos de ocupação em São Paulo. Ele frisou o sucesso da tomada de decisão “horizontal” para o processo de construção de casas. Os projetos iniciam o processo de moradia social com o treinamento que inclui elementos de dentro e de fora dos movimentos. Com cada um dos projetos, os arquitetos trabalham com os locais e com suas fontes para facilitar a “atividade de projeto colaborativo”. Eles fornecem mecanismos fáceis de usar que encorajam o design participativo e o planejamento das unidades de moradia. Planos iniciais incluem a opinião e o conhecimento dos moradores e dão a eles uma visão de suas novas casas, com as quais eles contribuíram e, portanto, têm alguma propriedade sobre o processo de design.
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