Conselho Popular Celebra 13 Anos e Debate ‘O Conselho Popular e a Luta por Moradia’ [VÍDEO]

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Esta é nossa matéria mais recente sobre o novo coronavírus e seus impactos sobre as favelas.

No dia 16 de julho, membros do Conselho Popular, uma coalizão que defende o direito à moradia combatendo remoções nas favelas do Rio, realizaram um debate transmitido ao vivo no Facebook para apresentar a evolução do Conselho e a atual situação da luta.

O painel foi moderado por Daniela Petti, ativista pelo direito à moradia. Entre as participantes estavam Emília Maria de Souza, líder comunitária na favela do Horto na Zona Sul; Fátima Tardin, arquiteta e urbanita do Coletivo Jorge Borges; Eliane Oliveira, advogada da Pastoral das Favelas; e Jaqueline Andrade Costa, liderança comunitária na favela da Barrinha, na Zona Oeste.

Sendo todas integrantes ativas do Conselho Popular, a discussão destacou as batalhas empreendidas pelo grupo desde sua concepção em 2007, quando as ameaças de remoção eram comuns durante o período de preparação para os Jogos Pan-Americanos realizados naquele ano no Rio de Janeiro, até os dias de hoje, onde os mesmos temas permanecem constantes, pois o governo continua ameaçando favelas em meio à pandemia do coronavírus, como é o caso da favela de Santa Luzia na Zona Oeste.

“Vivemos nessa situação, com as forças destrutivas do mundo atual”, disse Fátima. “A pandemia só tornou impossível você não enxergar as contradições e as desigualdades exacerbadas que nós vivemos... Nada disso é novo”.

As participantes lembraram que em 2005, durante a gestão do Prefeito César Maia e pouco antes da fundação do Conselho, autoridades do governo falavam muito sobre remoções de favelas. Diante desta situação, Emília se mobilizou para ajudar a formar o Conselho ao ver “cada comunidade lutando a seu modo”. A fundação do Conselho, em 2007, criou uma poderosa rede que fomentou a colaboração e o apoio entre favelas do Rio. Para Eliane, a estrutura do Conselho como um coletivo é exatamente o que o tornou tão eficaz em sua luta.

Elas também relembraram os desafios que vieram com a realização de megaeventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Elas alegaram que a vontade do governo de ceder aos interesses imobiliários sobre os interesses dos moradores de favelas era óbvia.

As dificuldades foram muitas, foram imensas“, lembrou Eliane. “O poder público, quando ele quer, ele pisa nas pessoas.”

As participantes também discutiram a típica justificativa do governo para as remoções, quando alega que uma favela se encontra em uma área de risco. “É área de risco ou área de ric0?” perguntou Jaqueline.

Do ponto de vista do combate ao que Jaqueline chamou de “fantasma da remoção”, as participantes encorajaram o voto como uma forma fundamental de fazer valer os seus direitos e fazer ouvir a sua voz.

“Nosso voto é útil. Temos que ter o compromisso de dar o voto para alguém que tem compromisso com a gente”, disse Emília. “O voto consciente é tudo que a gente tem para poder construir um futuro melhor.”

Jaqueline lamentou que muitas vezes os candidatos vão às favelas com promessas que nunca cumprem, e Emília e Fátima propuseram fazer com que os candidatos assinem as propostas que apresentam aos moradores das favelas, para que eles se responsabilizem por suas palavras.

Apesar dos enormes desafios enfrentados pelas favelas do Rio, especialmente durante os 13 anos desde a fundação do Conselho Popular, as participantes concordaram que seus moradores são portadores de grande poder e vitalidade.

Emília observou que a cidade foi construída nas costas dos moradores de favela, que em troca, não receberam tratamento justo. Apesar disso, ela disse que vê esperança na luta deles e que o progresso “é prova do quanto nosso povo é guerreiro, sábio, e merecedor de ser tratado como humanidade“.

Assista à Discussão Aqui:


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