De 2013 a 2023, o RioOnWatch publicou a série Melhores e Piores Reportagens Internacionais sobre Favelas do Rio. Ela começou de forma bastante sintomática, com as Piores Reportagens Internacionais sobre as Favelas do Rio em 2013, em que nossa conclusão foi inequívoca: “há muitos artigos que não são apenas imprecisos, mas perigosos ao reforçar uma visão estigmatizada e unidimensional das favelas do Rio e de seus moradores”. Ao longo dos anos, a série documentou uma mudança significativa—não apenas na representação das favelas e de seus moradores na cobertura de língua inglesa, mas também na escolha de tópicos e na crescente nuance das reportagens. Essa evolução culminou na edição de 2023, que celebrou apenas o melhor da cobertura internacional.
No espírito dessa série, agora descontinuada, e reconhecendo o progresso significativo na mídia de língua inglesa, temos o prazer de lançar uma nova série em 2024. Escrita por colaboradores convidados, ela irá destacar histórias recomendadas sobre favelas e outras periferias brasileiras, continuando nosso compromisso de ampliar narrativas autênticas e matizadas sobre esses territórios e seus moradores.
A Importância da Nomenclatura e da Correção de Erros Históricos
16 Million People Live in Neighborhoods Brazil Calls ‘Subnormal.’ It’s Finally Changing the Name
Em português: 16 Milhões de Pessoas Moram em Bairros que o Brasil Chama de “Subnormais”. Finalmente, o Nome está Mudando
Associated Press – David Biller e Diane Jeantet
Neste artigo para a AP, David Biller e Diane Jeantet analisam mais de perto a decisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de substituir o termo “aglomerados subnormais” por “favelas e comunidades urbanas”, uma mudança importante visando à redução do estigma associado a bairros urbanos informais. O texto informa muito bem ao traçar a história da antiga terminologia, explicando suas implicações problemáticas e destacando o processo colaborativo que levou à mudança, incluindo consultas com especialistas, grupos da sociedade civil e moradores. A inclusão do contexto histórico—como as origens do termo “favela” e seus vínculos com a resiliência e a luta—acrescenta profundidade e enquadra a história em uma narrativa cultural e política mais ampla. Anedotas pessoais, como as reflexões da Deputada Estadual Renata Souza sobre o impacto emocional da antiga terminologia, humanizam e adicionam profundidade emocional. Ao evitar o sensacionalismo e focar em questões sistêmicas e no potencial do progresso, o artigo oferece um retrato construtivo e respeitoso das favelas. Essa abordagem cuidadosa, combinada com seu foco no empoderamento e nas soluções, faz dela um modelo de reportagem justa e impactante sobre comunidades historicamente marginalizadas.
Em português: Federação de Favelas do Rio busca reparação inédita por perseguição na ditadura
Agência Pública via Global Voices – Lucas Pedretti e Marcelo Oliveira
Escrito por Lucas Pedretti e Marcelo Oliveira para a Agência Pública e traduzido para o inglês por Liam Anderson para a Global Voices, este artigo destaca um momento crucial do Brasil na busca pela justiça: a primeira demanda na história do país por anistia coletiva pela Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (FAFERJ) e pela Defensoria Pública. O texto lança luz sobre a perseguição sistemática a favelas e seus líderes durante a Ditadura Militar, incluindo remoções forçadas, prisões arbitrárias e violência. Combinando análise histórica com esforços atuais por justiça, o artigo enfatiza as reparações simbólicas buscadas para que haja reconhecimento dessas injustiças. Ao conectar a repressão da era da ditadura às desigualdades estruturais em curso, o texto fornece uma perspectiva detalhada e matizada dos desafios históricos e sociais do Brasil. Ele se destaca como uma contribuição inestimável para as discussões sobre direitos humanos e memória coletiva.
Reflexões Sobre a Violência de Estado
Book of Kids’ Drawings Reflect Regular Violence Shaping Their Lives in a Rio de Janeiro Favela
Em português: Livro de Desenhos Infantis Reflete a Violência Cotidiana em uma Favela do Rio de Janeiro
Associated Press – Mauricio Savarese e Diarlei Rodriguez
Este artigo, escrito por Mauricio Savarese e Diarlei Rodrigues para a AP, trata do lançamento de um poderoso livro, intitulado Eu devia estar na escola, criado por crianças e adolescentes do conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro. O livro captura a dura realidade de crescer em uma das comunidades mais populosas da cidade, onde as crianças frequentemente precisam se proteger de balas perdidas, lidar com batidas policiais e vivenciar interrupções em sua educação. Por meio de depoimentos e desenhos dos jovens, o livro ilustra o impacto que a violência cotidiana tem em suas vidas. Além dos relatos de má conduta policial, incluindo casos de abuso e assassinatos como o de Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, o livro também expressa a esperança por um futuro melhor, com uma criança sonhando com a paz e o retorno à escola. O foco dessa história, centrado nos jovens, preenche uma lacuna estilística em reportagens, que com frequência se concentram nas vozes dos adultos. Ao manter o anonimato das crianças envolvidas, os autores não apenas protegem sua segurança, mas também demonstram respeito por sua privacidade e bem-estar. Essa história se destaca por jogar luz no espírito de esperança dos jovens nas favelas e em seu papel no ativismo, o que faz dela uma adição merecida a esta lista.
Founder of Manguinhos’ Mothers: “The Struggle Gave Meaning to My Life”
Em português: “A luta deu sentido à minha vida”, diz fundadora do Mães de Manguinhos
Agência Brasil – Rafael Cardoso
Neste artigo publicado em inglês pela Agência Brasil, Rafael Cardoso conta a história de determinação inabalável de Ana Paula Oliveira diante de uma perda imensa. Nascida e criada na favela de Manguinhos, Rio de Janeiro, Ana Paula dedicou quase uma década a buscar justiça por seu filho, Jonatha, assassinado em 2014 por um tiro disparado por um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Jonatha, de 19 anos, estava a caminho de casa quando se deparou com um confronto entre policiais e moradores. A investigação sobre sua morte foi marcada por atrasos e inconsistências. Somente em março de 2024—dez anos depois—que o julgamento finalmente aconteceu. Para apoiar outras mães enlutadas e ampliar a luta contra a violência sistêmica e a impunidade, Ana Paula fundou Mães de Manguinhos. Para ela, alcançar a justiça não é apenas sobre seu filho, mas também sobre prevenir tragédias futuras de acontecer e promover mudanças sociais. Sua resiliência serve como uma voz ponderosa para inúmeras famílias que enfrentam dificuldades semelhantes, personificando esperança e compromisso com a transformação. Evitando dramatizações, o artigo oferece um relato equilibrado, que ressalta tanto a dor da perda quanto a força encontrada no ativismo. Ao ampliar a verdade de Ana Paula, o artigo conscientiza acerca de questões sobre direitos humanos e violência policial nas favelas, tornando-se um exemplo poderoso e respeitoso de jornalismo responsável.
Atualização: Em 6 de março de 2024, o Policial Militar Alessandro Marcelino de Souza foi condenado por homicídio culposo (sem intenção de matar) na morte de Jonatha. Isso resultou em uma pena mais leve, que ainda será definida pelo Sistema de Justiça Militar. Marcelino de Souza continua em liberdade, dez anos após o crime.
Arte, Moda e Empreendedorismo Impulsionam a Cultura da Favela
Born in Favelas, Brazilian Funk Gets Swank, Goes Global
Em português: Nascido nas Favelas, o Funk Se Torna Chique e Vira Global
Agence France-Presse via France 24
Publicado pela AFP via France 24 News, este artigo analisa como o funk brasileiro, que se originou nas favelas do Rio de Janeiro, cresceu das festas de “baile funk” locais para um fenômeno global, abraçado por estrelas como Beyoncé e Anitta. Misturando hip hop, música eletrônica e batidas afro-brasileiras, o gênero simboliza o orgulho dos moradores das favelas ao mesmo tempo em que aborda temas da vida cotidiana, violência e resiliência. Apesar de sua aclamação internacional e do papel na geração de empregos e oportunidades, o funk enfrenta um preconceito persistente, enraizado no racismo, elitismo e em sua associação com a violência ligada às drogas. Iniciativas como programas de treinamento profissional e exposições de museus visam legitimar o funk como uma força cultural e econômica, mostrando sua influência duradoura apesar da repressão e do estigma atuais no Brasil. Esse artigo exemplifica reportagens positivas sobre favelas, ilustrando o significado cultural do funk e seu papel transformativo no empoderamento de moradores e na criação de oportunidades econômicas. Ele também conecta as raízes locais do gênero ao restante do mundo, reenquadrando as favelas como centros de criatividade e influência.
Brazilian Dance Craze Created by Young People in Rio’s Favelas is Declared Cultural Heritage
Em português: Dança Brasileira Que Se Tornou Mania, Criada por Jovens nas Favelas do Rio, É Declarada Patrimônio Cultural
Associated Press – Júlia Dias Carneiro e Diarlei Rodriguez
Este artigo por Júlia Dias Carneiro e Diarlei Rodriguez para a AP explora a jornada do passinho, um estilo de dança vibrante originário das favelas do Rio de Janeiro, agora oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial pelo estado do Rio de Janeiro. Combinando influências do samba, capoeira, frevo, breaking e funk, o passinho representa uma expressão dinâmica de criatividade e resiliência das comunidades marginalizadas do Brasil. O texto mergulha em suas raízes, no início dos anos 2000, quando crianças e adolescentes o experimentavam fazendo passos de dança em casa e compartilhavam suas inovações online, dando início a uma cena competitiva que se espalhou pelas favelas. Ele traça a ascensão da dança à proeminência, desde festas funk locais até palcos internacionais como o Lincoln Center de Nova York e a cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016 no Rio. Por meio de perfis vívidos de dançarinos e coreógrafos, o artigo mostra como o passinho fornece uma alternativa positiva para jovens em bairros frequentemente associados ao crime, oferecendo um caminho para a autoexpressão, independência financeira e esperança. A narrativa envolvente e o rico contexto cultural traçados na reportagem fazem jus à energia e ao significado do passinho, celebrando sua capacidade de transcender barreiras geográficas e sociais. Essa história destaca a engenhosidade das favelas e suas contribuições duradouras para a identidade cultural do Brasil.
Brazilcore: How Favela Fashion Became Cool
Em português: Brazilcore: Como a Moda da Favela Se Popularizou
Deutsche Welle – Djamilla Prange de Oliveira
Esta história, de Djamilla Oliveira no DW, explora a interseção entre moda, identidade e reivindicação cultural, destacando como a estética nascida nas favelas do Rio de Janeiro está remodelando as percepções da identidade nacional brasileira. Centrado na jornada do designer Abacaxi, o artigo examina como sua marca, Piña, resgata símbolos como a bandeira brasileira—outrora cooptados pelo conservadorismo político—e os transforma em expressões vibrantes de orgulho e resistência. Ao traçar as raízes de Abacaxi na Vila Kennedy e sua evolução de desenhar roupas de brechós a vestir celebridades brasileiras, o texto traz insights valiosos sobre a energia criativa das favelas. Esse artigo é mais um exemplo de mudança na narrativa sobre favelas, retratando a cultura inovadora e rica que define sua vida cotidiana. A narrativa entrelaça histórias pessoais com comentários sociais mais amplos, ilustrando a resiliência e a engenhosidade das comunidades marginalizadas do Brasil. A conexão que faz entre o movimento local e suas tendências globais, como o Brazilcore, enfatiza a crescente valorização da moda nascida na favela em um cenário internacional.
The Problem-Solving Entrepreneurs in Brazil’s Favelas
Em português: Os Empreendedores Solucionadores de Problemas nas Favelas do Brasil
Americas Quarterly – Brian Winter
Neste artigo para o AQ, Brian Winter destaca o espírito empreendedor que floresce nas favelas do Brasil, mostrando iniciativas como a Favela Brasil Xpress, fundada por Giva Pereira na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo. A empresa começou durante a pandemia do coronavírus e preenche a lacuna logística ao garantir que as entregas cheguem aos moradores da favela, que traditionalmente enfrentam a exclusão do boom do comércio eletrônico devido a preocupações com a segurança e a uma falta de endereços físicos. A empresa, que fez 1,5 milhão de entregas no ano passado, é lucrativa e emprega trabalhadores locais. Em paralelo a esse empreendimento, a organização G10 Favelas, liderada por Gilson Rodrigues, morador de Paraisópolis, promove a autossuficiência com projetos como hortas orgânicas, uma padaria e uma loja têxtil. Esses esforços refletem um reconhecimento crescente do potencial econômico dentro das favelas, onde vivem 16,4 milhões de brasileiros. Contudo, apesar desse progresso, o estigma e as preocupações com segurança ainda persistem, como destacado pelos esforços de Gilson para mudar a narrativa e atrair empresas para as favelas. Essa história mostra a agência e a resiliência dos moradores das comunidades, com foco em empreendimentos que fornecem soluções reais para desafios de longa data. Ela destaca o empoderamento em vez da vitimização e inclui um retrato equilibrado tanto dos sucessos quanto das lutas contínuas enfrentadas pelas favelas. Ao lançar luz sobre o trabalho inovador que está sendo feito nessas comunidades, o artigo combate estereótipos prejudiciais, apresentando as favelas como espaços de potência e de progresso.
Das Favelas ao Ouro: Como as Comunidades e os Investimentos Públicos Estão Moldando Mulheres Campeãs
Young Women in Rio Favela Hope to Overcome Poverty and Violence to Play in Women’s World Cup in 2027
Em português: Jovens Mulheres da Favela do Rio Esperam Superar a Pobreza e a Violência para Jogar a Copa do Mundo Feminina em 2027
Associated Press – Mauricio Savarese e Diarlei Rodriguez
O artigo por Mauricio Savarese e Diarlei Rodriguez na AP lança luz sobre as aspirações de jovens jogadoras de futebol do Complexo do Alemão, enquanto elas miram em competir na Copa do Mundo Feminina de 2027. Com a decisão da FIFA de sediar o torneio no Brasil, essas meninas, incluindo Kaylane Alves dos Santos, de 15 anos, sonham em representar seu país em casa. Apesar dos recursos limitados, dos treinos pouco frequentes e da má nutrição devido a problemas de segurança alimentar, agravados por confrontos entre a polícia e os traficantes de drogas, sua determinação permanece inabalável. O projeto Bola de Ouro, uma iniciativa conduzida pela comunidade, oferece a essas jogadoras não apenas um lugar seguro para treinarem, mas também um caminho para a educação e o desenvolvimento pessoal. Administrado por dois ex-aspirantes ao futebol, o programa foca em incutir disciplina e construir caráter enquanto nutre o talento atlético. Para muitas participantes, incluindo Kaylane e sua irmã Kamilly, o projeto representa uma oportunidade de transcender as barreiras da pobreza e da violência, e de vislumbrar futuros brilhantes—seja em campo ou em outras profissões. Ao focar na positividade e, ao mesmo tempo, reconhecer as dificuldades que as jovens enfrentam em suas comunidades, a história pinta um retrato equilibrado do Complexo do Alemão e de seus moradores. No entanto, a inclusão de “pobreza” e “violência” no título corre o risco de reforçar visões limitadas das favelas para leitores que não lêem o artigo na íntegra.
How a Bunk Bed Acrobat from a Favela in Brazil Became the #2 Female Gymnast in the World
Em português: Como uma Acrobata de Beliche de uma Favela no Brasil Se Tornou a Segunda Maior Ginasta do Mundo
National Public Radio – Maria Isabel Barros Guinle
Essa história na NPR, por Maria Guinle, conta a história marcante de Rebeca Andrade, uma ginasta que cresceu em uma favela de São Paulo e se tornou uma atleta de renome mundial. Ela detalha suas origens humildes, desde usar beliches para suas primeiras “acrobacias” até as horas de caminhada para sessões de treinamento quando sua família não tinha dinheiro para pagar a passagem de ônibus. Programas sociais como o de Guarulhos, bolsas esportivas e treinadores de apoio desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento de seu talento, permitindo que ela fosse transferida para centros de treinamento profissional ainda jovem. A jornada de Rebeca também destaca as barreiras financeiras e geográficas enfrentadas por atletas de baixa renda no Brasil, ond o custo do treinamento é proibitivo para muitos e o acesso aos recursos é frequentemente limitado a grandes áreas metropolitanas. Apesar desses desafios, Rebeca transformou sua vida por meio da ginástica, tornando-se um símbolo de esperança e sucesso para crianças em circunstâncias semelhantes. Esse artigo equilibra a resiliência pessoal de Rebeca com uma discussão matizada sobre os desafios estruturais diante de atletas de comunidades de baixa renda, jogando luz em como o acesso limitado a recursos exclui talentos inexplorados. Ao destacar a importância dos programas comunitários e a capacidade de Rebeca de inspirar outras pessoas, o texto retrata a favela não como um local de desespero, mas como uma fonte de potencial não explorado, o que lhe rendeu um lugar na lista deste ano das melhores reportagens sobre favelas.
Enfrentando um Futuro de Desafios Persistentes
This Activist Says the Climate Crisis has Already Arrived in Her Favela
Em português: Esta Ativista Diz que a Crise Climática já Chegou à sua Favela
Fórum Econômico Mundial (Vídeo)
Este vídeo do Fórum Econômico Mundial compartilha uma perspectiva importante sobre a vida nas favelas e as duras realidades da crise climática, que já impactam os moradores. Hosana Silva, uma ativista climática das favelas do Recife, discute sua experiência em primeira mão com questões relacionadas ao clima em sua comunidade. As conversas globais sobre mudanças climáticas geralmente focam em cenários hipotéticos: “e se perdermos o acesso a alimentos; e se tivermos que nos mudar devido a desastres naturais; ou se um membro da família morrer em uma enchente?” Para aqueles que moram nas favelas, essas não são hipóteses—é sua vida cotidiana. O vídeo combina estatísticas e evidências com comentários do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, que aborda os impactos migratórios das mudanças climáticas. Seu formato serve como modelo para o futuro jornalismo baseado em vídeo, apresentando um argumento completo liderado pela voz de uma ativista da favela e baseado em dados e insights técnicos. Os efeitos profundos das mudanças climáticas nas favelas continuam subrepresentados, portanto, este vídeo é uma contribuição ao gênero do jornalismo de soluções.
Traditional ‘Quilombola’ Communities in Brazil Face Threats While They Await Titles to Their Lands
Em português: Quilombos entre Minas Gerais e o sul da Bahia sofrem ameaças e ainda esperam titulação
Nonada Jornalismo via Global Voices – Thais Domingos
Este artigo escrito por Thais Domingos para o Nonada Jornalismo e traduzido para o inglês por Liam Anderson para a Global Voices destaca a jornada da comunidade quilombola Família Araújo em Betim, Minas Gerais, enquanto lutam para proteger seu lar e sua identidade cultural. Depois de décadas vivendo em terras designadas a eles por autoridades locais, a família enfrentou despejo sem indenização, desencadeando uma batalha por reconhecimento como uma comunidade quilombola tradicional. Com o apoio de ativistas pelos direitos à terra, de líderes locais e de outros grupos quilombolas, eles garantiram com sucesso a certificação, protegendo suas terras e afirmando sua herança cultural. A história lança luz sobre os desafios mais amplos enfrentados pelas comunidades quilombolas, do racismo estrutural a obstáculos legais e, ao mesmo tempo, enfatiza a importância da solidariedade e da autodeterminação para superar essas barreiras. Comparações com quilombos rurais na Bahia ilustram ainda mais a dinâmica complexa dos direitos à terra e à identidade no Brasil. O foco positivo do texto combinado com perspectivas de vários membros do quilombo faz dela uma reportagem exemplar.
New Study Shows that 92% of Quilombola Areas are Under Threat
Em português: Estudo inédito mostra que 98% de áreas quilombolas estão ameaçadas no Brasil
Brasil de Fato – Murilo Pajolla
Reportado por Murilo Pajolla para o Brasil de Fato, um estudo recente do Instituto Socioambiental (ISA) e da Coordenação Nacional de Articulação Quilombola (CONAQ) revelou que quase todos os territórios quilombolas do Brasil—98,2%—enfrentam ameaças à sua existência por parte de projetos de infraestrutura, mineração e sobreposição de propriedades privadas. Essas pressões levam ao desmatamento, à contaminação da água e à erosão dos modos de vida tradicionais, violando os direitos das comunidades quilombolas. Projetos de infraestrutura são particularmente impactantes nas regiões Centro-Oeste e Norte, enquanto requisições de mineração e reivindicações de propriedade privada afetam fortemente áreas como Goiás e Pará. Notavelmente, alguns territórios, como Kalunga do Mimoso e Erepecuru, experimentam uma sobreposição quase total com pressões externas. A reportagem pede por ação urgente para cancelamento de registros conflitantes e na defesa dos direitos dos quilombolas à consulta prévia sobre projetos que afetam suas terras. Essa questão destaca a resiliência das comunidades quilombolas, quem têm historicamente resistido à opressão desde suas origens durante o período colonial do Brasil, mas que agora enfrentam novos desafios ambientais e socioeconômicos em sua luta por autonomia e pela preservação de seu patrimônio. Ao focar em comunidades marginalizadas e expor claras violações de direitos humanos, ao mesmo tempo em que incorpora dados e estatísticas concretas, o artigo se destaca como uma forte adição a esta lista.