Mapa aéreo da Vila da Barca, localizada no bairro do Telégrafo, que integra a região central de Belém. Fonte: Luiz Henrique Gusmão
Em novembro de 2025, RioOnWatch esteve em Belém do Pará durante as atividades da 30ª Conferência das Partes (COP30) da UNFCCC (Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) e da Cúpula dos Povos. Entre as áreas oficiais da conferência (denominadas Green Zone e Blue Zone), vieram em massa nesta COP representantes de aldeias e nações indígenas, comunidades ribeirinhas, quilombos e favelas amazônidas, comunidades impactadas por grandes empreendimentos, movimentos sociais nacionais e internacionais ja impactados por eventos climáticos extremos, que fornecem tecnologias e saberes ancestrais adaptativos, ensinando ao mundo lições valiosas sobre resiliência climática em meio à luta por justiça hídrica, saneamento e direito à moradia digna. Por isso, RioOnWatch visitou, entre outras baixadas—termo usado em Belém para denominar suas favelas—a Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, na Zona Central da capital paraense.
Documentos e relatos de moradores dão conta de que há pelo menos 100 anos a Vila da Barca, uma das maiores comunidades sobre palafitas da América Latina, às margens da Baia do Guajará, em Belém, no estado do Pará.
O Museu Memorial Vila da Barca, com base em pesquisas historiográficas, defende que, em meio à expansão econômica da cidade de Belém, devido ao ciclo da borracha, a área onde hoje fica a comunidade começou a ser ocupada na década de 1910. Outras fontes, no entanto, defendem que a Vila da Barca é ainda mais antiga.
Apesar de ser conhecida por suas atuais 543 palafitas, onde moram 1.400 famílias, moradores dizem que os fundadores da Vila da Barca construíram suas casas em terra firme. Em algum momento, uma família recém chegada começou a morar em um barco abandonado à beira do rio. Então, outras pessoas, vendo essa possibilidade, começaram também a construir suas moradias sobre a maré, como em outras comunidades de palafitas pelo Brasil e o mundo, como foi o caso histórico do Complexo da Maré no Rio de Janeiro.
A região do porto das palafitas da Vila da Barca. Foto: Bárbara Dias
Gerson Bruno, coordenador geral da Associação dos Moradores da Vila da Barca (AMVB) descreve a história e luta da comunidade.
“As palafitas na Vila da Barca são compostas na sua origem por ribeirinhos e pessoas do interior que vieram em busca de ter seu sustento na cidade grande… Na nossa comunidade, a gente tem um museu memorial, que criamos através de um edital da Lei Aldir Blanc, para deixar registrado para as próximas gerações a história da Vila, como ela surgiu, as lutas por água… Tínhamos que carregar a água na cabeça.” — Gerson Bruno
Vila da Barca é a maior favela sobre palafitas de Belém, capital do estado do Pará. Foto: Bárbara Dias
Há oito anos moradores denunciaram o descaso de vários governos locais na implementação do Programa Palafita Zero, que ainda não havia sido realizado. Até hoje, 18 anos depois, aos poucos, as obras vem acontecendo.
“O projeto habitacional [Programa Palafita Zero] teve tanto desleixo com a gente, que, na última gestão municipal, eles simplesmente reduziram as metas e cortaram o projeto no meio e disseram: ‘olha, a partir de hoje, só essas famílias vão ter direito. Essas outras não vão ter’… [Aqui hoje é] um dos metros quadrados mais caros de Belém. A gente vive uma pressão muito grande para sair. [Mas] temos muito a questão do pertencimento… Não aceitamos a retirada de nenhum morador da Vila para um conjunto habitacional [fora], só para o mesmo local.” — Gerson Bruno
Interior de uma casa em palafitas na Vila da Barca. Foto: Bárbara Dias
Na própria Amazônia, há comunidades ribeirinhas e até mesmo hotéis de luxo construídos sobre palafitas. O problema não reside sobre as palafitas em si. Para alguns de seus residentes, as palafitas são um ativo comunitário, uma tecnologia ancestral, uma possibilidade de viver perto da natureza e de seu sustento (no caso dos pescadores), que permite acessar o direito à cidade.
Palafitas na Vila da Barca são feitas de uma diversidade de materiais. Foto: ComCat
Para estes moradores, o problema é a poluição—do rio sobre o qual as palafitas estão instaladas—seja com esgoto não canalizado e tratado devidamente, seja pela contaminação por outras fontes, como a indústria ou lixo que, junto da maré, chega e se deposita embaixo das casas.
Resíduos sólidos tomam a parte de baixo de algumas das palafitas, trazidos regularmente pelas marés cheias, que atingem a comunidade duas vezes ao dia. Segundo a Águas do Pará, será instalada uma ecobarreira após as obras de saneamento. Foto: Bárbara Dias
Segundo lideranças, atualmente nove moradias estão sendo removidas da área de palafitas, todas na região mais vulnerável à maré, e seus moradores irão para os condomínios do MCMV ao lado, na própria Vila da Barca. De acordo com o plano do governo, o local onde estão hoje essas casas será aterrado em um certo trecho servirá para a construção de uma praça.
As palafitas mais vulneráveis às marés serão removidas. Foto: Bárbara Dias
No entanto, a maioria das palafitas permanecerão, e atualmente estão recebendo, junto da comunidade como um todo, investimentos públicos em saneamento: tanto abastecimento de água quanto esgotamento sanitário, pela concessionária privada Águas do Pará. Conforme indicado na placa abaixo, 1.400 residências estão contempladas, beneficiando 5.000 moradores.
Placa do programa da Águas do Pará indica que 5000 moradores serão beneficiados com água e esgoto. Foto: Bárbara DiasTubulações antigas de abastecimento de água já desativados. Foto: ComCat
Em Manaus, o Beco Nonato, localizado no bairro Cachoeirinha, na Zona Sul da capital amazonense, foi a primeira favela de palafitas no Brasil a receber água tratada e rede de coleta de esgoto pela concessionária destes serviços. Já em Santos, no Parque Palafitas, houve, além de obras de infraestrutura de água e esgoto, obras de melhorias nas edificações e de preservação, tanto a nível material, quanto a nível cultural. Inclusive, com a construção de unidades em conjuntos habitacionais no estilo palafita, com materiais culturalmente apropriados para tal.
Durante a visita do RioOnWatch à Vila da Barca, constatamos o alívio de moradores com a instalação do sistema de abastecimento de água sendo realizado no local. As tubulações antigas utilizados pelos moradores, que ficavam na superfície da areia, a maior parte do dia submersos na água do rio e consequentemente proporcionando água contaminada, hoje estão desativadas. Ao realizar o sistema apropriado, a concessionária retira as madeiras pintadas de azul características das passagens da comunidade, e instala tubulações novas, logo abaixo da passagem, conectando-os aos hidrômetros recém instalados. Em seguida, reinstala a passagem com madeiras novamente pintadas.
Ouvimos Nelson Lima Rosa, 43 anos, morador e liderança da Vila da Barca.
Hidrômetro recém-instalado nas palafitas da Vila da Barca é utilizado pela concessionária para controle do volume de água. Moradores são cobrados a tarifa social. Foto: ComCat
“Em uma audiência pública com o governador, lideranças da Vila da Barca disseram pro governador: ‘Vai, bebe essa água, aí!’. Desafiaram o governador a beber a água da comunidade. Ele não bebeu… Depois das obras a quantidade de pessoas doentes diminuiu muito… Os canos eram muito finos, entrava água da maré e de esgoto sempre… os canos das moradias eram aterrados embaixo da areia, do lodo e do lixo ou, às vezes, passava por cima do chão… Qualquer rachadura no cano fazia os moradores beberem água e tomarem banho com água contaminada.” — Nelson Lima Rosa
A obra que a Águas do Pará está realizando inutiliza o precário sistema anterior junto ao assoalho do rio, e eleva as tubulações, de água e esgoto, acoplando-as à parte de baixo das passagens de madeira. Antes, tubulações finas de PVC que rachavam com a exposição contínua a sol e chuva, com o contato direto com poluentes, esgoto e animais, foram substituídos por tubulações mais grossas, menos suscetíveis a rachaduras.
Obras visam proporcionar água limpa e esgotamento para os moradores das palafitas. Foto: Bárbara Dias
Ao colocarem as tubulações para cima, acoplando-as às passarelas, reduzem-se as chances de danos ao encanamento. Outro aspecto é que, caso sofram danos, eles ficarão mais visíveis e serão mais facilmente solucionados.
Enquanto isso, a rede de esgoto da área de palafitas se encontra em fase de construção, abaixo e em paralelo às passarelas azuis.
O sistema de esgoto das palafitas se encontra em fase de construção, abaixo e em paralelo às passarelas. Foto: ComCat
Além das obras da rede de esgoto, funcionários da Águas do Pará realizam algumas obras pontuais de macrodrenagem sob passagens de pedestres para impedir enchentes. Segundo relatos dos próprios funcionários e lideranças locais, a maioria são moradores da própria comunidade.
A maioria dos funcionários trabalhando nas obras são moradores da própria Vila da Barca. Foto: Bárbara Dias
Moradores vêem as obras como um avanço. Há pessoas que, pela primeira vez, passaram a tomar banho de chuveiro, a ter água na torneira. Luiz Claudio da Silva Vera Cruz, 52 anos, morador da área de palafitas da Vila da Barca desde que nasceu, diz que sua família está lá desde que sua avó nasceu. Com isso, a família de Luiz está há cinco gerações na Vila da Barca.
Seus netos, hoje, moram nos conjuntos de prédios da Vila e vão às palafitas para visitar o avô e brincar.
“Minha avó morou 92 anos. Desde que nasceu aqui. Essa comunidade tem mais de cem anos. Antes, eram casas grandes, com bastante espaço entre elas. Agora, não tem espaço quase, elas estão uma bem do lado da outra… sem espaço quase para novas construções, a não ser pra cima ou perto do porto, na beira do mar [como, às vezes, os moradores chamam o rio].” — Luiz Claudio da Silva Vera Cruz
A família de Luiz Cláudio está há cinco gerações na Vila da Barca, quatro delas morando nas palafitas. Seus netos moram nos conjuntos de prédios da Vila e vão às palafitas para visitar o avô e brincar. Foto: Bárbara Dias
Durante a visita a sua casa, Luiz Claudio chamou atenção para um problema recorrente. Segundo ele, locais de onde pessoas foram removidas para os apartamentos, ao ficaram vazios, foram reocupados por outras famílias que precisavam de moradia. Sem uma política habitacional consistente, esses movimentos esporádicos e isolados do poder público acabam sendo de enxugar gelo.
Luiz Claudio, no entanto, se demonstra esperançoso com as obras que acontecem em sua baixada.
“Antes, as pessoas tinham que ligar a bomba direto e puxar água pra cima, pra pegar com balde, com caneca… Muito pouca gente aqui tinha caixa d’água… Agora, depois das obras, a água vem direto, com força, o tempo todo.” — Luiz Claudio da Silva Vera Cruz
Ele, apesar de feliz, não esconde sua preocupação com o custo que esse acesso vai representar em sua renda familiar.
“Ainda não chegou aquele papel que diz o preço da água. A luz a gente não paga, mas tô com medo da água ficar muito cara. É bom ter água, mas e se eu não tiver dinheiro pra pagar? Por enquanto eles não tão cobrando [além da tarifa social]. Instalaram aquele negócio lá fora [os hidrômetros], mas não cobraram… já temos um custo [alto] com o material para construção de palafitas… Aquela madeira é angelim… pro chão você precisa de tabuas de piso, de outro tipo… é tudo caro!” — Luiz Claudio da Silva Vera Cruz
Palafitas na Vila da Barca têm diferentes níveis de vulnerabilidade construtiva e são feitas de uma diversidade de materiais. Por causa dos custos e de sua baixa renda, Luiz Claudio conta que aprendeu com o pai a fazer a manutenção da palafita. De certa forma, isso proporciona autonomia para que ele adapte sua casa à realidade climática que enfrenta em cada momento, como em casos de cheia, quando afirmou levantar o assoalho de sua casa. No entanto, como outros moradores entrevistados, ele ressoa o sentimento de pertencimento de seus vizinhos.
“Gosto de morar aqui, gosto dessa área, gosto de viver desse jeito. Criei meus filhos aqui.” — Luiz Claudio da Silva Vera Cruz
Novas tábuas de angelim incorporadas na casa de Luiz Cláudio, cuja vó nasceu e viveu até os 92 anos nas palafitas da Vila da Barca. Foto: ComCat
Ao mesmo tempo que gosta de sua vida sobre as palafitas, Luiz Claudio compartilha sua expectativa positiva em relação aos apartamentos prometidos pelo governo, dizendo que “prefiro ir pros apartamentos… mas eles tão demorando muito pra entregar!”
O plano ainda é reassentar várias palafitas. Os novos apartamentos são duplex. No primeiro andar, sala, banheiro, cozinha e uma pequena área de serviços a céu aberto. Na sala, há uma escada que leva ao segundo andar, onde há dois quartos e um terraço.
Casas recém-construídas do conjunto habitacional da Vila da Barca. Foto: ComCat
Dona Eunice Nunes dos Santos, 75 anos, e seu filho, Denielson, estão bastante satisfeitos de terem se mudado para o conjunto habitacional da Vila da Barca, o que aconteceu há cinco meses, depois de mais de uma década de espera.
“[O conjunto habitacional para onde parte dos moradores das palafitas foram removidos] demorou 16 anos para ser feito. Era um para, começa, para, começa, uma roubalheira. [Com isso] eu nem esperava morar um dia nesse apartamento… Tem outros prédios do conjunto aqui dos removidos da Vila da Barca que pegaram as chaves para apartamentos completos, com forro no teto, pisos em todos os cômodos, paredes pintadas e todas as tomadas funcionando. [Meu não veio completo.]” — Eunice Nunes dos Santos
Eunice Nunes dos Santos, 75 anos, foi reassentada da palafita que morava pagando aluguel para um apartamento duplex em condomínio de removidos dentro da própria Vila da Barca, reivindicação dos moradores. Ela afirma estar feliz, apesar de ter críticas ao estado incompleto do apartamento que lhe foi entregue. Foto: Bárbara Dias
Eunice nasceu em Muaná, na Ilha do Marajó, no interior do Pará. Se mudou ainda criança para viver com uma família em Belém, que a criou. Anos depois, quando teve filhos, foi morar em Cotijuba, uma ilha na região metropolitana insular de Belém, já às margens da Baía do Marajó. No entanto, ao serem abandonados pelo marido, mudou-se com os filhos para a Vila da Barca, onde vivia na área das palafitas, pagando aluguel.
Hoje, nos conjuntos habitacionais, Eunice está feliz que não precisa mais pagar aluguel e que tem uma casa menos precária. No entanto, se preocupa com o custo disso, já que, agora, paga água e luz. Mesmo com a tarifa social, que a moradora afirma ter, as concessionárias vêm cobrando centenas de reais por mês, por consumos que não condizem com o valor. Ao visitar a família, por exemplo, o RioOnWatch não viu possibilidades que justificassem o valor da conta de luz da moradora.
“Tenho três ventiladores, uma geladeira, uma televisão, chuveiro elétrico, celulares… Não temos ar condicionado [freezer, micro-ondas, máquina de lavar, computador] ou outros equipamentos que demandem muita eletricidade.” — Eunice Nunes dos Santos
Moradias já estabelecidas no conjunto habitacional onde residentes adaptaram as casas de acordo com suas necessidades. Foto: ComCat
Ao andar pelos condomínios, nas unidades que primeiro foram construídas, foi relatado que, apesar dos condomínios terem sido projetados com rede de esgoto, ela foi subdimensionada para a realidade da Vila da Barca.
O resultado é que regularmente, a Águas do Pará tem que realizar limpeza de passagens internas dos condomínios para evitar que esgoto transborde pelas ruas por entre os prédios.
Drenagem e limpeza de passagens internas dos condomínios são feitas regularmente para evitar que esgoto transborde. Foto: Bárbara Dias
Enquanto isso, os moradores de algumas casas mais frágeis da Vila da Barca sofrem risco de vida com estruturas que podem, a qualquer momento ceder, parcial ou completamente, sobre as águas poluídas do Rio Guamá. Esse foi um alerta dado por um morador durante visita do RioOnWatch. Assustado, ele falava em voz alta enquanto indicava a direção da porta, onde ele dizia estarmos em maior segurança.
Apesar de dizer gostar de morar ali, gostar das palafitas, ele também disse preferir a possibilidade de morar em uma casa de alvenaria, sobre a terra, nos condomínios que o governo está construindo.
Conjunto residencial da Vila da Barca. Foto: Bárbara Dias
Os netos de Luiz Cláudio também estavam presentes no dia em que o RioOnWatch o visitou. Brincando na cama do avô disseram gostar de visitá-lo nas palafitas porque brincam e jogam bola nas passagens de madeira entre as casas com outras crianças do entorno. Os dois netos moram nos apartamentos do conjunto habitacional da Vila da Barca, a primeira geração em 100 anos a não morar em palafitas.
A situação de risco de desabamento é iminente em alguns casos, no entanto. Algumas horas depois da visita do RioOnWatch, em outra localidade da Vila da Barca, uma palafita desabou, deixando quatro pessoas desabrigadas.
No final da visita, presenciamos a formatura do projeto Barca Saneada, sendo promovido pela Águas do Pará. Voltado para educação ambiental, promove compostagem, hortas, coleta de materiais recicláveis e a transformação deles para a geração de renda, objetos artísticos e outros. Na cerimônia, foram estimulados a falar sobre os saberes que adquiriram e a fortalecerem seu sentimento de pertencimento cultural ao território, inclusive, através de carimbó e de comidas típicas.
Uma das alunas, Kaillany Sashielly Silva de Moura, 17 anos, descreveu seu aprendizado.
“Agora sabemos que não são lixo, são resíduo [risos]… O projeto ensinou a ter consciência de separar o orgânico, dos resíduos, dos recicláveis. Aprendi que tem como fazer tijolos com plástico, com vidro. E com os orgânicos dá pra fazer adubo para as plantas, biofertilizante. A parte que mais me interessou foi a das composteiras. Como minha avó tem plantas lá em casa, e eu também sou doida por plantas, me interessei mais pelas composteiras. Fizemos uns 20 kits de composteiras e distribuímos na Vila. Aí, fiquei com uma lá em casa, que também serve pra ensinar lá dentro de casa, porque muita gente da Vila não sabe que dá pra separar o orgânico do resíduo reciclável.” — Kaillany Sashielly Silva de Moura
Hoje, pretende ser uma agente mobilizadora em sua comunidade. Conscientizando família e vizinhos da importância de preservar a natureza que cerca a Vila da Barca. Algo que o coordenador geral da Associação de Moradores da Vila da Barca também afirma.
“Vamos transformar resíduos, plásticos que não podem mais ser reciclados em tijolos e, com os tijolos, vamos construir os canteiros verdes e fazer nossa contribuição. Tem uma cooperativa em Belém fazendo esses tijolos. Tem também as composteiras que a rapaziada aprendeu a fazer. Tem uns ganchinhos muito legais [para pendurar os sacos de lixo e evitar vetores], feitos com materiais recicláveis, que [os jovens da comunidade] colocaram [com] mensagens e decoraram… Ficamos sabendo que a Prefeitura [de Belém] está articulando com empresas para fazer equipamentos públicos, bancos, mesas, lixeiras com esses resíduos que estão lá nas palafitas. Estão pensando em devolver à comunidade aquilo que estava poluindo como equipamentos e espaços de convivência para a comunidade… e esses jovens vão ser multiplicadores. A gente está buscando agora formar mais uma turma, para mais jovens. E quando a gente vê, essa roda está girando e eles estão transformando o mundo.” — Gerson Bruno
O coordenador geral ressalta a importância da luta na conquista de melhorias para sua baixada.
“A sustentabilidade não pode estar só a nível de discurso, ela precisa estar no dia-a-dia… E a gente precisa botar a mão na massa mesmo. Enquanto estão lá, discutindo na Blue Zone, a gente está aqui botando a mão na massa!” — Gerson Bruno
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