Eleições 2022: 11 Candidatos de Favelas Cariocas Procuram Ampliar Representatividade nos Parlamentos

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Do total de 2.785 pedidos de registro de candidaturas no Rio de Janeiro, apenas 23 candidaturas são ligadas a pautas periféricas, sendo onze de crias de favelas do Rio de Janeiro.

Não é só a disputa eleitoral para o governo do Estado que está acirrada. Conquistar o direito de representar o povo nas urnas, elegendo-se para o Congresso Nacional ou para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), também não vem sendo uma tarefa fácil para partidos e candidatos nas eleições de 2022.

A Justiça Eleitoral recebeu em 2022, somente para disputar uma vaga para Câmara dos Deputados 10.467 inscrições, sendo 110 consideradas inaptas (a maioria por renúncia ou por alguma ilegalidade). Trata-se do maior número de candidatos na história do país. Também houve um crescimento de 30% no número de candidatas mulheres e de 54% dos candidatos negros, em comparação com a eleição passada.

Ao todo, 1.083 candidatos disputam uma das 46 vagas da bancada do Rio para deputado federal e 1.639 candidaturas tentam ocupar uma das 70 cadeiras para deputado estadual.

Além da forte concorrência em números, representatividade e diversidade, partidos políticos e seus candidatos também têm o desafio de realizar campanha após a pandemia do coronavírus.

Com o 1º turno em 2 de outubro, partidos e candidaturas tiverem apenas 46 dias para botar nas ruas e na internet suas campanhas e apresentarem propostas. Antes, a propaganda em períodos de eleições presidenciais ocorriam com o dobro do tempo: entre 85 a 92 dias.

Mas com a mudança da lei aprovada pelo Senado no ano passado, visando aprimorar a representação popular no Parlamento, o intervalo foi reduzido. Ainda que tenha sido criada a pré-campanha—período de tempo quando os políticos podem se chamar de pré-candidatos e debaterem ideias, a partir das novas regras eleitorais, oficialmente, nenhum partido ou cidadão pode pedir explicitamente voto ou apoio a uma candidatura, distribuir santinhos e participar de eventos oficiais das campanhas até a abertura do calendário eleitoral, que aconteceu em 16 de agosto.

Para complicar ainda mais o panorama, o Brasil atravessa o ápice de uma crise de representatividade política. Se arrastando desde as Jornadas de Junho de 2013, é representada em particular pela polarização de forças políticas de esquerda e extrema-direita configurada na disputa para a Presidência da República e pelo período de sucessivas ameaças à democracia brasileira com o aumento da violência política no país.

Levantamento feito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) indicou que os casos de violência política cresceram no Brasil nos últimos três anos. Em geral, candidaturas negras, LGBTQIA+, de mulheres e homens trans e ligadas a defesa dos direitos humanos, sofrem mais com discursos de ódio, agressões e demais violações e violências.

Guia Prático Proteção à violência política para defensoras e defensores de direitos humanos. Arte: Comitê Brasileiro de defensoras e defensores de direitos humanos

Em 6 de setembro, o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), rede que reúne 45 organizações e movimentos sociais do país, lançou um guia prático para ajudar a combater e denunciar casos de violência política nas eleições de 2022. O Guia Prático: Proteção à Violência Política para Defensoras e Defensores de Direitos Humanos foi uma resposta ao aumento de casos registrados de violência política no Brasil. A ideia é contribuir com o enfrentamento à violência política nas eleições de 2022 e com um país que respeite a democracia e os direitos humanos. O CBDDH lançou um canal de denúncias contra a violência política.

Se Liga: Diversas, Não Dispersas!

Neste contexto, entendendo a importância da representatividade da favela para a garantia do pleno funcionamento democrático, o RioOnWatch traz uma lista de candidaturas vinculadas às favelas que disputam vagas para deputado federal e estadual para o estado do Rio de Janeiro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não coleta informações para além do município de nascimento, de forma que não é possível mensurar o percentual dos candidatos que são nascidos ou moram em favelas. Com isso, procuramos identificar quais destas candidaturas são de favela com apoio de informações de registros das campanhas no TSE, fontes de favelas, perfis dos candidatos, e dados de notícias publicadas em mídias comunitárias. Ainda, também coletamos informações de comitês populares nas favelas e de rodas de debates realizadas por veículos comunitários de favelas como o Conexões Periféricas, com o projeto: Eleições e Participação Política Das Favelas.

Conseguimos, ao final, identificar cinco candidaturas para deputado federal com origem em favelas. Para deputado estadual conseguimos mapear seis candidaturas de territórios de favelas.

Veja a lista de candidatos do Rio de Janeiro para Deputado Federal e Estadual de favelas e comprometidas com a reivindicação de direitos para as minorias:

DEPUTADO FEDERAL PARTIDO FAVELA NÚMERO
Benedita da Silva PT Chapéu Mangueira 1377
Bia Nunes PDT Quilombo de Maria Conga, Magé 1263
Derê Gomes PSOL Vila Cascatinha, Complexo da Penha 5007
Sérgio Neguinho AGIR Morro da Formiga 3688
Sol Miranda PSB Favela Cinco Bocas, Brás de Pina 4044
DEPUTADO ESTADUAL PARTIDO FAVELA NÚMERO
Cosme Felippsen PT Providência 13300
Dani Monteiro PSOL São Carlos 50050
Fabiana Rocinha em Foco PP Rocinha 11002
Léu Oliveira SOLIDARIEDADE Rio das Pedras 77013
Mônica Francisco  PSOL Morro do Borel 50888
Renata Souza PSOL Complexo da Maré 50007

Caso você conheça candidaturas não listadas acima, de moradores de favelas, nos informe através do e-mail contato@rioonwatch.org.br para que possamos atualizar esta matéria.


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